Baker citou o uso indiscriminado de gás de pimenta e de bombas de gás, inclusive atingindo parlamentares e representantes da Justiça que estavam no local mediando a situação (Vladimir Platonow/ABr)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2013 às 19h47.
Rio de Janeiro – A organização Justiça Global, dedicada à defesa dos direitos humanos, denunciou à Organização das Nações Unidas (ONU) a Polícia Militar (PM) fluminense pela maneira como atuou na desocupação do antigo Museu do Índio, na última sexta-feira (22).
O advogado da organização, Eduardo Baker, disse que foi entregue um documento apontando os casos de violência policial a integrantes do Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da ONU, que estão no Brasil preparando um relatório sobre o tema.
“Durante a reunião, um dos pontos apresentados foi a ação da polícia na desocupação da Aldeia Maracanã. Nós entregamos a eles um informe e um pedido de ação urgente, elencando as irregularidades cometidas”, declarou Baker.
Ele citou o uso indiscriminado de gás de pimenta e de bombas de gás, inclusive atingindo parlamentares e representantes da Justiça que estavam no local mediando a situação.
Baker explicou que foi pedido à ONU que entre em contato com o governo brasileiro solicitando esclarecimentos. O grupo de trabalho é ligado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, na Suíça.
Os funcionários das Nações Unidas estão percorrendo o Brasil desde o último dia 18, avaliando as condições de privação de liberdade no país. No próximo dia 28, em Brasília, eles vão divulgar um relatório preliminar, quando poderão falar sobre a denúncia contra a Polícia Militar fluminense.
A PM informou, por meio de sua assessoria, que vai aguardar o desdobramento da denúncia para se manifestar. No dia da desocupação, representantes da Polícia Militar justificaram o rigor na operação de desocupação do prédio, incluindo o uso de spray de pimenta e de bombas de gás, com finalidade de desobstruir a Avenida Radial Oeste, que estaria sendo bloqueada pelos manifestantes.
Também alegaram que ingressaram antecipadamente no Museu do Índio para evitar que o imóvel fosse destruído pelo fogo que atingiu uma oca de palha na parte externa do prédio.