Marina Silva e Dilma Rousseff durante o debate da Band (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2014 às 18h49.
Brasília - A consistência da candidatura de Marina Silva (PSB) à Presidência dividiu ontem os partidos que formam a coligação pela reeleição de Dilma Rousseff.
Em reunião do Conselho Político, realizada no Palácio da Alvorada à noite, os presidentes do PT, Rui Falcão, do PCdoB, Renato Rabelo, e do PDT, Carlos Lupi, apostaram que a "onda" Marina vai perder força e sua liderança no segundo turno, segundo as pesquisas eleitorais mais recentes, vai murchar nas próximas semanas.
Por outro lado, dirigentes de outras siglas da coligação, como o vice-presidente Michel Temer (PMDB), adotaram tom mais cauteloso.
Segundo essa outra corrente, ainda é cedo para prever como o eleitorado vai se comportar em relação à nova adversária daqui para a frente.
Inicialmente candidata a vice-presidente pelo PSB, Marina Silva assumiu a cabeça da chapa socialista após a morte, na semana retrasada, do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Na primeira pesquisa Ibope após a substituição, encomendada pelo Estado e pela rede Globo, Marina aparece cinco pontos porcentuais abaixo de Dilma no primeiro turno e abre vantagem de nove pontos porcentuais sobre a petista no segundo.
"A Marina é como um balão japonês: sobe rápido mas desce rápido também", afirmou Lupi ao Broadcast Político, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, para quem Marina atingiu seu "teto" e deve cair gradualmente nas pesquisas daqui em diante, podendo ser ultrapassada pelo tucano Aécio Neves.
A avaliação do pedetista, no entanto, não foi consensual dentre os presentes no Alvorada.
De acordo com relatos, os dirigentes dos outros seis partidos aliados (PP, PR, PSD, PROS, PRB e PMDB) rebateram o otimismo e afirmaram no encontro que é preciso aguardar o desempenho da ex-ministra do Meio Ambiente nas próximas pesquisas de intenção de voto para ter um quadro mais certo da sua real consistência.
Segundo apurou o Broadcast Político, mesmo com as divergências de avaliação os comandantes das legendas que apoiam a candidatura de Dilma pediram ajustes na campanha diante do novo cenário eleitoral.
Um dos pleitos é que o programa de televisão da petista, até o momento focado basicamente em apresentar o que foi feito pelas administrações do PT nos últimos 12 anos, adote um tom mais propositivo.
Além do mais, o comando da campanha já prepara um processo de desconstrução da figura da ex-ministra do Meio Ambiente a partir do que consideram incoerências. Se exploradas de forma adequada, dizem os aliados, elas custarão votos à pessebista.
Para transmitir a ideia de que a eventual eleição de Marina traria ainda insegurança econômica, por exemplo, também deverá ser abordada a resistência da candidata socialista a grandes obras de infraestrutura no País, entre elas as hidrelétricas na região amazônica.
Na reunião de ontem, foi pedido também um engajamento das siglas e das lideranças regionais nesse embate com Marina, poupando a presidente dessa tarefa, ao menos por ora.
Internamente, a avaliação do comando da campanha é que uma mudança completa de rumo na campanha, com a petista abrindo mão da polarização com os tucanos para entrar no confronto direto com a oponente do PSB, só pode ser considerada se os levantamentos de intenção de voto das próximas semanas apontarem para a confirmação da ex-ministra como principal adversária no pleito.