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Olimpíada será em um país em crise, diz especialista

“Os jogos olímpicos sempre foram associados a progressos, mas dessa vez vai ser em um País que está em decadência. Essa é a novidade", diz especialista


	Olimpíadas 2016: notícias negativas ofuscaram até mesmo a possibilidade de legado que o evento proporciona ao País
 (Autoridade Pública Olímpica/Flickr/Divulgação)

Olimpíadas 2016: notícias negativas ofuscaram até mesmo a possibilidade de legado que o evento proporciona ao País (Autoridade Pública Olímpica/Flickr/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2016 às 19h20.

“Os jogos olímpicos sempre foram associados a progressos, mas dessa vez vai ser em um País que está em decadência. Essa é a novidade.”

A afirmação feita ao HuffPost Brasil por Lamartine DaCosta, um dos maiores especialistas sobre megaeventos e autor do livro 'Legados de Megaeventos Esportivos’, descreve o exato momento que o Brasil vive a 100 dias das Olimpíadas Rio 2016.

Se em 2009, quando o Rio desbancou Madri, e o então presidente Lula recebeu aos prantos a notícia de que os cariocas sediariam o maior evento esportivo do mundo, as lágrimas eram de felicidade, hoje nem a alegria do esporte parece animar os brasileiros.

Pela primeira vez, os jogos serão realizados em um País mergulhado em crise. Além da recessão econômica e da instabilidade política, com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em andamento e a Operação Lava Jato, o esporte evidenciou problemas do Rio de Janeiro.

A linda Baía de Guanabara que será palco da prova de vela, por exemplo, continua poluída. Sofás, geladeiras e até cadáveres foram vistos recentemente boiando no local. De acordo com a Reuters, médicos alertam que o contato com a água pode levar a infecções por vírus e bactérias. Para driblar os problemas, as autoridades locais correm para tirar os dejetos do local.

O mesmo movimento terá de ser feito para conter outros obstáculos, como os problemas com segurança pública, expostos com as onze pessoas mortas pela polícia da cidade desde o início do mês, e a ainda incontrolada crise de Zika vírus e H1N1.

Legado

As notícias negativas ofuscaram até mesmo a possibilidade de legado que o evento proporciona ao País. Em entrevista a internautas, o ministro Ricardo Leyser, que assumiu o comando do Ministério dos Esportes no início deste mês, ressaltou as mudanças no transporte no Rio, os planos para os atletas e a exposição do País.

"O que nós aprendemos com o Plano Brasil Medalhas, com a preparação de atletas, com técnicos estrangeiros que vieram para o Brasil. Tudo isso é um grande aprendizado e a infraestrutura que espalhamos pelo país. Tínhamos menos de seis pistas de atletismo e vamos ter praticamente 50 até o final de 2016. Tudo isso fica.
Temos também a exposição. Não há nada que dê tanta exposição como os Jogos Olímpicos. São mais de 5 bilhões de pessoas assistindo. Não existe um anúncio que dê para colocar em todas as televisões do mundo. Os Jogos cumprem esse papel. Todas as televisões do mundo vão vir para o Rio de Janeiro.
Em Barcelona, o pico no turismo aconteceu dez anos depois da realização dos Jogos Olímpicos. Porque ano após ano, mais turistas visitaram o país."

Humor

Ainda assim, a pesquisa "Jogos Olímpicos – percepção e engajamento", da Hello Research, divulgada no mês passado, mostra que 82% dos brasileiros preferia que o dinheiro direcionado aos jogos - aproximadamente R$ 35 bilhões (quase o dobro do que foi desviado na Lava Jato) - fosse investido de outra forma.

O humor do brasileiro, entretanto, pode - e, se seguir a regra, deve - mudar. Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Lamartine DaCosta ressalta que "sempre antes de qualquer jogo olímpico em qualquer lugar houve uma queda de humor em relação aos jogos”.

“Não é tensão de espera, é que a coisa é muito grande e cria certas expectativas e a noção do risco que ocorre num evento dessa espécie. Isso aconteceu nas vésperas dos jogos em qualquer região, como Londres e em Beijing, por exemplo. E logo depois, em todas essas cidades, quando começam os jogos aumenta o lado positivo do espetáculo. Se nós seguirmos a ciência e os resultados anteriores, deve melhorar o humor das pessoas com relação a situação dos jogos olímpicos.”

DaCosta reconhece que a incerteza que o País vive faz com que previsão não se tornem assim tão lógica.

"É muito interessante que esta seja uma das poucas vezes que os jogos olímpicos vão ocorrer em um País que está em crise. Os jogos sempre foram associados ao progresso, mas dessa vez vão acontecer em um País que está em decadência. Esta é a novidade nas Olimpíadas."

Dados levantados pela Folha de S.Paulo mostram que desde 1964, com as Olimpíadas de Tóquio, todos os países que receberam os jogos apresentavam expressivo crescimento econômico.

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