Brasil

Odebrecht; Temer: não pode parar…

Não pode parar Na manhã desta quarta-feira, um após a abertura dos inquéritos contra oito ministros, 24 senadores e 39 deputados pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer afirmou que não se pode “paralisar o governo”. Em discurso durante a sanção de projetos que beneficiam […]

MICHEL TEMER: segundo a PGR, presidente recebeu cerca de R$ 15 milhões em propinas da JBS / Peter Foley/ Pool/Getty Images

MICHEL TEMER: segundo a PGR, presidente recebeu cerca de R$ 15 milhões em propinas da JBS / Peter Foley/ Pool/Getty Images

DR

Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2017 às 18h53.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h30.

Não pode parar

Na manhã desta quarta-feira, um após a abertura dos inquéritos contra oito ministros, 24 senadores e 39 deputados pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer afirmou que não se pode “paralisar o governo”. Em discurso durante a sanção de projetos que beneficiam as mulheres, Temer disse que é preciso haver separação dos Poderes e não se referiu diretamente ao STF e aos investigados após o levantamento do sigilo da delação da Odebrecht, que ficou conhecida como “delação do fim do mundo”. “Nós não podemos jamais paralisar o governo. Temos que dar sequência ao governo, à atividade legislativa e à atividade judiciária”, afirmou. O presidente também enfatizou que tem o apoio “especialíssimo” do Congresso. “Quero ressaltar que um governo só funciona porque tem o apoio do Congresso. Evidentemente, nas eventuais divergências ou interpretações, quem vai dar a palavra final é o Judiciário, e é isso que temos que prestigiar cada vez mais”, afirmou.

Dilma sabia

Em um dos depoimentos prestados, Marcelo Odebrecht disse que a ex-presidente Dilma Rousseff tentou saber se foram pagas propinas pela Odebrecht ao PMDB. O diálogo se deu depois de a Petrobras diminuir em 43% um dos contratos de manutenção que a Odebrecht mantinha. “Eu contei tudo que tinha contado pra Graça pra ela. ‘Presidenta, veja bem, não é justo o que a Graça fez.’ Eu achava que ela queria saber se Michel estava envolvido”, disse Odebrecht. Ele confirmou que foram feitas doações eleitorais às campanhas da ex-presidente por meio de Antonio Palocci e Guido Mantega.

Paes: 15 milhões

O ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB) foi acusado por delatores da empreiteira Odebrecht de ter recebido mais de 15 milhões de reais por facilitar contratos relativos à Olimpíada de 2016, de acordo com um pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República aceito pelo Supremo Tribunal Federal. O delator Benedicto Barbosa da Silva Júnior disse que a Odebrecht repassou a Paes cerca de 11 milhões de reais no Brasil mais cerca de 5 milhões de reais por meio de contas no exterior, e apresentou documentos que, em tese, corroboram as informações de seu depoimento, segundo o pedido do MPF citado na decisão do ministro do Supremo Edson Fachin. Outro delator da empreiteira, Leandro Andrade Azevedo, também acusou Paes de facilitar um repasse de 3 milhões de reais da empreiteira a pretexto da campanha para deputado federal de seu aliado Pedro Paulo (PMDB-RJ).

Delcídio: 9 milhões

Segundo os delatores Benedicto Júnior e Rogério Araújo, da Odebrecht, o ex-senador Delcídio Amaral levou 9 milhões de reais “não contabilizados” para financiar suas campanhas eleitorais em 2006, 2010 e 2014.

Metade das arenas teve propina

Destino de investimentos bilionários, a construção e a reforma das arenas para a Copa do Mundo de 2014 apresentaram irregularidades em pelo menos seis dos 12 estádios que receberam o Mundial, de acordo com delatores da Odebrecht. O relator do caso, Edson Fachin, autorizou que sejam encaminhados a outras instâncias relatos que envolvem o Maracanã, o Mané Garrincha, a Arena Castelão, a Arena da Amazônia e a Arena Pernambuco. Os conteúdos que apontam “possível prática criminosa associada à construção da Arena Corinthians” serão investigados no próprio STF, onde já tramita um inquérito sobre o Itaquerão, em segredo de Justiça. Outras quatro arenas construídas pela Andrade Gutierrez também são alvo de suspeita de corrupção pela Lava-Jato.

“Vai estar na lista”

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), alvo de cinco inquéritos instaurados pelo ministro Edson Fachin para investigar desvios na Petrobras, disse nesta quarta-feira que “todo mundo que disputou a eleição está ou estará na lista [da Odebrecht]”. Jucá também disse que acha “natural” que haja o pedido de abertura de inquéritos. “O que está sendo questionado não é a posição individual de algum político. O que está em xeque, o que está em discussão, o que está sendo passado a limpo é o modelo político atual. Porque a questão não foi individualmente. Não foi A, B ou C que fez uma irregularidade”, disse.

Instâncias inferiores

Só para a Justiça de São Paulo foram enviadas 34 petições de abertura de investigação de corrupção originada na Lava-Jato. Entre os nomes estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT) e o deputado estadual e potencial candidato ao governo do estado Fernando Capez (PSDB). Também há petições contra o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), os ex-deputados José Genoino (PT) e João Paulo Cunha (PT), os deputados estaduais Fernando Capez (PSDB) e Barros Munhoz (PSDB) e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), entre outros. As instâncias inferiores decidirão se os pedidos serão investigados, juntados a uma investigação em andamento ou arquivados.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteExame Hoje

Mais de Brasil

Governo define regras para o 'jogo do tigrinho'; veja o que muda

RS receberá R$ 6,5 bilhões para sistema de proteção contra inundações

Governo da Venezuela 'se afasta' de lisura e transparência nas eleições, diz Pacheco

Mais na Exame