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Odebrecht cuidava de caixa 2 de partidos, diz delator

Luiz Eduardo da Rocha Soares, executivo da empresa, afirmou em seu depoimento ao TSE que "departamento da propina" cuidava do caixa 2 dentro e fora do país

Odebrecht: o executivo confirmou ao TSE o que a Lava Jato já sabia, antes mesmo da mega delação premiada da Odebrecht, sobre a composição do setor de propinas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Odebrecht: o executivo confirmou ao TSE o que a Lava Jato já sabia, antes mesmo da mega delação premiada da Odebrecht, sobre a composição do setor de propinas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de abril de 2017 às 18h14.

O executivo da Odebrecht que era responsável pela rede de contas secretas do grupo, abertas em nome de empresas offshores, no exterior, Luiz Eduardo da Rocha Soares afirmou em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o Setor de Operações Estruturadas - chamado de "departamento da propina" - cuidava do caixa 2 de partidos "no Brasil, na América Latina e em outros países".

Soares foi um dos três executivos responsáveis pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, de 2006 a 2014.

Ouvido no dia 8 de março, na ação movida pelo PSDB que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, de 2014, o executivo confirmou ao TSE que foi transferido para o departamento para cuidar das despesas "não diretamente registradas nos livros da companhia".

Questionado se "caixa 2 para o setor político" também se fazia no setor, ele respondeu: "Sim".

"Não só partidos políticos, não só no Brasil como na América Latina e em outros países", explicou Soares, um dos executivos que cuidavam do setor de propinas da Odebrecht.

Soares é um dos 78 delatores da Operação Lava Jato, que tiveram os acordos de colaboração homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele foi preso na 26ª. fase, Operação Xepa.

Segundo ele, o volume de recursos movimentado pelo "setor de propinas" cresceu conforme aumentou o faturamento da Odebrecht.

Ao TSE, Soares confirmou que "cuidava mais da parte do exterior".

"Principalmente na abertura das empresas offshores, do controle dessas empresas e também ainda na busca de alternativas, quais são os bancos que a gente ia trabalhar, essas coisas."

Soares contou que entrou na Odebrecht em 1988, na empresa CBPO, Companhia Brasileira de Projetos e Obras, em São Paulo, na área financeira.

"Foram vinte e oito anos de companhia."

Ex-funcionário de bancos, ele passou a atuar na área financeira para o exterior da empresa.

"Morei no Chile, na Argentina, morei em Angola também."

"Em 2006 fui transferido para um Setor (de Operações Estruturadas), junto com o Sr. Hilberto Silva, que passou a ser meu líder de operações estruturadas, foi onde trabalhei até 2014 meados de 2014, junho, julho de 2014, onde fui transferido para o exterior novamente, fui trabalhar na Odebrecht Global Sourcing nos Estados Unidos, onde fiquei até sair da Odebrecht em 2015".

O executivo era responsável pelas propinas pagas no exterior da Odebrecht. Ao TSE, ele contou como funcionava a sistemática da rede de contas secretas do grupo, em nome de empresas offshores, para pagamentos de propinas fora do Brasil - propinas e caixa 2, segundo ele.

O executivo confirmou ao TSE o que a Lava Jato já sabia, antes mesmo da mega delação premiada da Odebrecht, sobre a composição do setor de propinas.

Em abril de 2016, as secretárias Maria Lucia Guimarães Tavares e Ângela Palmeira, presas na 23ª fase, batizada de Operação Acarajé, contaram quais eram os membros do departamento e suas funções.

"O chefe era Hilberto Silva e tinham duas pessoas mais diretamente ligadas a ele, que eram Fernando Migliaccio da Silva que era como se fosse um substituto do Hilberto e eu. E abaixo da gente, em Salvador, tinham duas meninas, que faziam a parte mais operacional, que era a Maria Lúcia Tavares e a Ângela Palmeira", disse o executivo, ao TSE.

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