OAB de Pernambuco repudia funk de bolsonaristas feito contra feministas
A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada "ração na tigela" e que as mulheres "de esquerda têm mais pelo que cadela"
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de setembro de 2018 às 14h10.
Última atualização em 24 de setembro de 2018 às 15h16.
São Paulo - A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco emitiu nota nesta segunda-feira, 24, na qual repudia uma música cantada em forma de funk por apoiadores do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, durante manifestação em Recife. Neste domingo, 23, centenas de manifestantes se reuniram na Avenida Boa Viagem, na Marcha da Família.
"Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias", afirma a comissão.
Bolsonaro está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera de uma facada. No dia 6 de setembro, o candidato foi atacado por Adelio Bispo de Oliveira em Juiz de Fora (MG) e preso em flagrante.
Leia a íntegra da nota da comissão da OAB-PE:
"A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco, manifesta seu profundo repúdio a uma das músicas cantadas neste domingo (23.09) durante a "Marcha da Família" do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, que aconteceu no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife.
A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada "ração na tigela" e que as mulheres "de esquerda têm mais pelo que cadela".
Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato.
Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias".
Assina a nota na Luiza Mousinho, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-PE.