MARCELO ODEBRECHT: empresário assumiu caixa 2 em pagamentos a João Santana e propina por aprovação de MP / Rodolfo Burher/Reuters
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 05h20.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h05.
Começa hoje o último passo antes da homologação da delação da construtora Odebrecht pelo Supremo Tribunal Federal. O ex-presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, vai prestar depoimento para a Justiça Federal de Curitiba. O juiz Márcio Schiefler Fontes, um dos auxiliares do ministro Teori Zavascki, morto no último dia 19, vai perguntar para o empreiteiro se, de alguma forma, ele foi coagido pelos procuradores do Ministério Público a prestar alguma das informações que estão nos anexos da delação.
O mesmo processo vem acontecendo com os outros 76 executivos da empreiteira que firmaram o acordo de delação. Marcelo dirá que não e, assim, a delação estará finalizada e poderá ser homologada pelo Supremo. Resta dúvida se a presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia, o fará ou se isso ficará para o novo relator a ser escolhido.
Existe pressão para que Cármen Lúcia não tome para si a responsabilidade pela homologação. O presidente Michel Temer é um dos que reforça essa tese, com medo de que, ao serem tornados públicos, os depoimentos compliquem o governo – e ele próprio, citado 43 vezes por um dos delatores. O ministro do Supremo Marco Aurélio Mello também se mostrou contrário à possibilidade.
Os procuradores da Lava-Jato, por sua vez, querem a homologação tão logo seja possível. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu urgência na análise do caso. Como os depoimentos podem ser aceitos em separado, existe a possibilidade de Cármen Lúcia homologar as delações de acordo com a velocidade que chegarem à sua mesa, ou aguardar todos os depoimentos antes da volta do recesso. No início de fevereiro, quando os ministros regressarem à Corte, o novo relator da Lava-Jato deve ser escolhido entre os ministros da Segunda Turma do Tribunal, da qual Zavascki fazia parte.