O que querem os brasileiros que foram aos protestos
O que disseram os brasileiros que saíram de suas casas neste domingo para protestar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff
Maurício Grego
Publicado em 14 de março de 2016 às 08h32.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h18.
São Paulo - Apesar de defenderem majoritariamente o impeachment da presidente Dilma Rousseff , nem todos os manifestantes que tomaram a avenida Paulista neste domingo (13), em São Paulo, pensam da mesma maneira. Alguns foram às ruas para demonstrar sua antipatia pelo PT e pedir a prisão do ex-presidente Lula. Outros queriam apenas manifestar sua admiração pelo juiz federal Sérgio Moro ou criticar a crise econômica pela qual passa o país. Quando o assunto é a hipótese de intervenção militar, os manifestantes também se dividem. Enquanto a maior parte se coloca categoricamente contra e pede a saída de Dilma por vias democráticas, há uma minoria radical que defende a ação do Exército como necessária. As opiniões são, portanto, as mais diversas. Para entender melhor quais foram os ingredientes que compuseram este caldeirão na Paulista hoje, EXAME.com entrevistou uma série de manifestantes. Confira o resultado navegando na galeria acima.
"O Brasil está muito ruim. Não dá para ficar nele do jeito que está. Com toda essa roubalheira, ou a gente muda o Brasil agora, ou teremos que sair dele. É agora ou nunca", defende o engenheiro Alexandre Harasawa, que fez questão de levar seu boneco Pixuleco para a manifestação.
O artista Paulo Roberto Costa é famoso na avenida Paulista por interpretar o cantor Elvis Presley. Neste domingo, porém, Costa não estava na região a trabalho. "O Brasil está implorando por mudanças. Estamos sentindo uma forte carência de governo", afirma o intérprete, que gosta de citar trechos em inglês em suas frases. "It's now or never. Se não mudarmos agora, não mudamos nunca mais".
"Vim me manifestar contra o governo, contra essa economia fraca que o PT colocou a gente. Precisamos não só do impeachment, mas também de mais leis contra a corrupção e de uma mudança de cultura", afirma o consultor Andre Gomes.
"Precisamos mobilizar o país pelo impeachment de Dilma. Precisamos tirar do poder cada um que fizer o mesmo que o PT fez, independentemente do partido", argumenta o empresário Cassiano Pantaleo. "O PT enganou o país com um falso discurso de honestidade por mais de 20 anos".
Vestindo uma peruca e com o boneco Pixuleco em mãos, o industrial Adriano Bottam diz que foi à manifestação para "dar o golpe de misericórdia" no governo Dilma. "Se nada mudar, o Brasil vai ficar neste marasmo. A Dilma sair não é suficiente, mas é necessário", acrescenta o manifestante.
O casal Yohan Rodrigues e Heitor Mendes foram à manifestação neste domingo "contribuir com um país melhor, mais justo e que nos garanta todos os nossos direitos". Apesar de serem a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, os dois se posicionam "contra qualquer tipo de intervenção militar".
O transportador escolar Naelson Novais conta que decidiu trazer uma cobra de brinquedo enrolada em seu corpo para "ironizar o comentário" do ex-presidente Lula, que disse após a última fase da operação Lava Jato que a "jararaca ainda está viva". "Quando joguei a jararaca na avenida todos queriam pisar em sua cabeça", brinca o manifestante.
As amigas Meire Almeida Lima e Petuska Campo foram juntas à manifestação neste domingo na avenida Paulista. Para Meire, ir às ruas é a única maneira de "fazer a diferença e tirar a Dilma do poder". Já Petuska conta que ficou impressionada com a quantidade de crianças que participaram da manifestação. "É legal vê-las abraçando a causa. O cansaço levou os pais delas a saírem do conforto de suas casas e apresentarem a política aos filhos".
Para o cirurgião-dentista Klaus Trevelin, o protesto deste domingo foi "o prego no caixão do PT". O jovem foi à Paulista para pedir a prisão do ex-presidente Lula e o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sua namorada, a tradutora Aline Medeiros, diz que o Brasil vive uma "insatisfação geral". Quanto à hipótese de uma intervenção militar, o casal é categórico. "Abominamos esta ideia".
"Vim aqui hoje pelo fim da corrupção, por um Brasil mais limpo e melhor para nós e para nossos filhos. Busco um país com mais prosperidade e sem toda essa impunidade", diz o engenheiro Carlos Renato.
A bancária Vera Batista afirma nunca ter simpatizado com o partido da presidente Dilma Rousseff. "Nunca votei no PT. Sou contra a corrupção. E é bom que fique claro que não estamos falando de políticos corruptos. Estamos falando de bandidos", alega a manifestante.
Para o os corretores de imóveis Hélio dos Santos e Amélia Pigato, há hoje uma série de motivos para ir às ruas protestar. "Queremos um país com mais saúde, mais educação e menos corrupção". Hélio faz parte da ala que defende a intervenção militar como "único caminho para uma transição enquanto esperamos novas eleições". Apesar da opinião polêmica, o corretor também é fã de carteirinha do juiz Sérgio Moro, a quem credita o título de "super-herói de quadrinhos da realidade".