O que o mundo disse sobre o Brasil em julho
Com a vinda do papa e inúmeras protestos, não faltou assunto para falar do Brasil na imprensa internacional. Confira o que os jornais do mundo abordaram nas últimas semanas
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2013 às 08h55.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h31.
São Paulo - O mês de julho foi muito movimentado para a imprensa brasileira, com o país enfrentando as consequências dos grandes protestos de junho. Foram 31 dias de discussões sobre o plebiscito sugerido por Dilma Rousseff , o uso de aviões da FAB por autoridades, manifestações de médicos e novos protestos. Como se não bastasse, o país ainda foi sede da Jornada Mundial da Juventude , o primeiro destino internacional do papa Francisco , que trouxe milhões de turistas ao Rio de Janeiro e Aparecida do Norte, no interior de São Paulo.. Com tudo isso, o Brasil não passou em branco nas páginas dos principais veículos internacionais. Clique nas fotos e confira exemplos das coberturas de cada tema em países como Estados Unidos, Argentina, Portugal, Espanha, França e Itália.
Quem publicou: El País (Espanha), Clarín (Argentina) e The Wall Street Journal (EUA) No início de junho, um decreto aumentou a passagem do transporte público em São Paulo de R$ 3,00 para R$ 3,20. Esse foi o estopim para uma onda de protestos que transcendeu os 20 centavos e a capital paulista. Naquele mês, a mídia internacional cobriu extensivamente os fatos e números de cada protesto. Mas conforme eles foram diminuindo de frequência e tamanho, abriu-se espaço em julho para uma tentativa de compreensão do processo político pelo qual o Brasil está passando. Em geral, as notícias e editoriais de julho discorrem sobre a revolta da juventude e da classe média brasileira, que viveu grande crescimento econômico na década passada, mas "briga contra a alta inflação e o baixo crescimento", segundo o Wall Street Journal.
Quem publicou: El País (Espanha), Corriere della Sera (Itália), Diário de Notícias (Portugal), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), The New York Times (EUA), Clarín (Argentina). Em sua primeira viagem internacional, o papa Francisco visitou o Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude, um dos principais eventos católicos do mundo. A Jornada atraiu milhões de jovens e, literalmente, milhares de jornalistas, que cobriram cada passo do papa argentino em terras brasileiras. Além da cobertura dos eventos, muito também foi escrito sobre os problemas que o Brasil enfrentou durante a vinda do pontífice. Desde antes da vinda do papa argentino, os jornais já noticiaram a preocupação com a segurança do líder da Igreja Católica em um país envolto em protestos. O passeio do papa do aeroporto até o centro do Rio de Janeiro, quando, por um erro de comunicação entre os organizadores e seguranças brasileiros, seu carro não-blindado foi cercado por fiéis, rendeu até nota no italiano Corriere della Sera. "Uma situação de extremo risco, que se repetiu mais vezes durante o trajeto", escreveu o jornal.
Quem publicou: El País (Espanha) e The New York Times (EUA) Quando o presidente do Senado, o presidente da Câmara dos Deputados e ministros usaram jatos oficiais para irem a eventos particulares (dois deles para a Copa das Confederações, no Rio de Janeiro) com suas famílias, o Brasil ficou indignado. E a imprensa estrangeira reparou. No espanhol El País, uma matéria relacionou o comportamento dos políticos às manifestações que ainda ocorrem no Brasil. O New York Times noticiou a polêmica e já chamou atenção para os protestos em sua primeira frase: "enquanto multidões que protestam contra corrupção do governo e gastos excessivos com a Copa do Mundo entram em conflito com a polícia do lado de fora do estádio do Maracanã no Rio de Janeiro do domingo, um alto congressista brasileiro estava dentro do estádio com a sua noiva, membros famíliares e amigos".
Quem publicou: El País (Espanha), Le Monde (França) e The New York Times (EUA) Uma das propostas para aplacar os ânimos dos manifestantes apresentadas pela Dilma Rousseff incluía a realização de um plebiscito para a convocação de uma Constituinte que promovesse a reforma política no país. A Constituinte logo caiu e o plebiscito foi enterrado neste mês no Congresso. O New York Times, por exemplo, escreveu que as tentativas de Dilma foram "um tiro pela culatra". No El País, a manchete era "o Congresso do Brasil rechaça o plebiscito proposto por Rousseff". No francês Le Monde, mais negativas: "Brasil: não haverá reforma política para as eleições de 2014".
Quem publicou: The New York Times (EUA) "Preços alimentam ultraje no Brasil, casa da pizza de 30 dólares". O título da matéria do New York Times chama atenção. No texto, o repórter discorre sobre outros produtos que têm preços absurdos por aqui (30 dólares seria o equivalente a aproximadamente a 68 reais) e relaciona a inflação em alta aos protestos que ocorreram no país.
Quem publicou: El País (Espanha), Diário de Notícias (Portugal), Le Monde (França), Clarín (Argentina), The Guardian (Reino Unido) "O gigante sul-americano vive sua primeira greve geral em 22 anos", escreveu o espanhol El País, em referência ao Dia Nacional de Lutas no Brasil, em 11 de julho. Manifestações no país inteiro pararam rodovias, servidores entraram em greve e centrais sindicais organizaram protestos para se "somar aos que já vinham acontecendo no Brasil", segundo o argentino Clarín.
Confira: El País (Espanha) e Clarín (Argentina) Os protestos que tomaram conta do país em junho deram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais espaço na mídia internacional. O artigo que ele escreveu para o New York Times repercutiu em jornais do mundo todo, como o El País. Os espanhóis deram destaque para os elogios que Lula fez às manifestações e seu pedido de renovação ao PT. Uma pesquisa que colocou o ex-presidente como uma figura mais popular que a presidente Dilma Rousseff também repercutiu, especialmente por insinuar que ele seria um candidato com chances de ganhar as eleições presidenciais do ano que vem no primeiro turno.
Confira: Le Monde (França) e The Wall Street Journal (EUA) Com tantos protestos ocorrendo pelo país, a imagem da presidente Dilma Rousseff ficou abalada entre os eleitores brasileiros. No exterior, matérias como a do Le Monde, "Dilma Rousseff, o desamor", deram destaque a esse fato.
Quem publicou: The Guardian (Reino Unido), The New York Times (EUA) e Clarín (Argentina) Quando o ex-agente da NSA (Agência de Segurança Nacional, da sigla em inglês) Edward Snowden vazou documentos que mostravam que agências de inteligência norte-americanas estavam monitorando as comunicações de outros países (além da monitoração interna de seus próprios cidadãos ), a relação entre os Estados Unidos e o mundo ficou abalada. A reação brasileira limitou-se a questionamentos, comunicados e uma promessa de pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) para tomar ações que "preservem a soberania de todas as nações", segundo o New York Times.
Quem publicou: The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França) e El País (Espanha). Era para ser apenas o evento teste para a Copa do Mundo que vai acontecer no Brasil no ano que vem, mas a Copa das Confederações foi palco de protestos nas cidades-sede e esporte se misturou com política nas páginas do noticiário internacional. No começo de julho, o britânico The Guardian, por exemplo, publicou uma matéria com o título "Brasil protesta: vitória no campo, mas queixas permanecem", com uma foto das manifestações que aconteceram próximas ao Maracanã, no Rio de Janeiro.
Quem publicou: The Wall Street Journal (EUA) Segundo o Wall Street Journal, matar suspeitos é rotina para a polícia brasileira. No dia 13 de julho, o jornal norte-americano publicou dados preocupantes: a polícia de São Paulo teria assassinado um suspeito a cada 229 presos no ano passado. Nos Estados Unidos, esse índice foi de um suspeito morto a cada 31.575 presos em 2011. O texto ainda segue afirmando que essa taxa é pior em outros estados, especialmente no Rio de Janeiro. O jornal chegou até a descrever o símbolo do Batalhão de Operações Policiais Especiais cariocas, o Bope: "O símbolo da polícia tática do Rio é um crânio com duas pistolas e uma faca atravessada".
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