PCC: investigadores também acreditam que Gritzbach já vinha sendo monitorado desde a saída de Goiás (X/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 10 de novembro de 2024 às 12h45.
O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou em publicação nas redes sociais que as circunstâncias do assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no aeroporto de Guarulhos nesta sexta-feira, serão “rigorosamente investigadas”.
A vítima havia assinado acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em março e era considerado “peça importante” nas investigações sobre a facção. Veja o que ainda falta esclarecer.
O empresário era jurado de morte pelo PCC, mas a polícia ainda não esclareceu se de fato a facção está envolvida no crime. De acordo com o governador, "tudo indica que a ação criminosa está associada ao crime organizado". Também ainda não há pistas sobre quem mandou e quem executou o crime.
Os investigadores também acreditam que Gritzbach já vinha sendo monitorado desde a saída de Goiás pois os assassinos sabiam o horário em que ele desembarcaria. A suspeita é que os matadores foram avisados do momento do desembarque para que o ataque fosse executado no momento em que ele pisasse para fora do saguão do aeroporto.
Em seus depoimentos ao Ministério Público, ele entregou esquemas do PCC, deu pistas de ilícitos cometidos pela facção e prometia entregar mais informações. Por isso, a suspeita principal no momento é de seu assassinato é uma queima de arquivo motivada por vingança.
Uma das linhas de investigação do DHPP é que os seguranças de Gritzbach teriam falhado de forma proposital e indicado o momento que o empresário estava desembarcando do aeroporto. A polícia procura saber com quem os PMs conversaram momentos antes do crime, por isso os celulares foram apreendidos.
Os quatro seguranças teriam afirmado que o carro que buscaria o empresário no aeroporto quebrou no caminho. Por conta disso, apenas um dos seguranças foi fazer a proteção do assassinado usando outro veículo; já os outros três seguranças ficaram onde o carro teria quebrado. A investigação trabalha para descobrir o que realmente aconteceu.
Um investigador disse à TV Globo que o mais lógico teria sido eles deixarem o carro quebrado para trás e os quatro seguranças irem ao aeroporto buscar o homem e não três deles protegerem um suposto carro quebrado.
Ainda não está claro o motivo da namorada da vítima deixar o aeroporto antes da polícia chegar. Ela, no entanto, foi localizada, já prestou depoimento aos investigadores e teve o celular apreendido.
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach era corretor de imóveis no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Anos atrás ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta. Conhecido como Cara Preta, Santa Fausta movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.
Cara Preta gostava de investir o dinheiro do crime em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome, pra não chamar a atenção das autoridades. Foi Vinicius que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de alto padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Santa Fausta adquirisse os imóveis.
Há uns 5 anos, Vinícius ofereceu outro negócio a Santa Fausta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da aplicação, Santa Fausta teria dado R$ 200 milhões para Vinícius investir. Até que, em 2021, Santa Fausta queria parte do dinheiro para investir na construção de um prédio e Vinícius teria começado a dar desculpas pra não entregar os valores. Os dois tiveram um discussão feia, segundo testemunhas.
Dias depois, Santa Fausta e o motorista dele foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o MP, Vinicius foi o mandante do crime. Ele teria mandado matar Santa Fausta para não ter de devolver o dinheiro.