Brasil

O que é Estado de Sítio, que Bolsonaro admite ter avaliado em 2022

O ex-presidente e mais 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa

Bolsonaro: O ex-presidente disse ainda que uma ruptura institucional não seria realizada por um general e "meia dúzia de oficiais" (Sergio Lima/AFP)

Bolsonaro: O ex-presidente disse ainda que uma ruptura institucional não seria realizada por um general e "meia dúzia de oficiais" (Sergio Lima/AFP)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 11h04.

Tudo sobreJair Bolsonaro
Saiba mais

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu na segunda-feira, 25, que a decretação de Estado de Sítio chegou a ser estudada por membros de seu governo, em 2022, mas negou qualquer trama de golpe de Estado.

Segundo ele, a medida seria uma solução "dentro das quatro linhas".

"Eles vinham discutindo lá dentro o Estado de Sítio. Depois eu falei na Avenida Paulista e comecei a conversar por aí", disse Bolsonaro no Aeroporto de Brasília. "É um remédio constitucional."

O ex-presidente disse ainda que uma ruptura institucional não seria realizada por um general e "meia dúzia de oficiais".

"Nunca debati golpe com ninguém. Se alguém viesse falar de golpe comigo, eu perguntaria: 'E o day after? Como a gente fica perante o mundo?'. A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição. Dá para resolver tudo nas quatro linhas", afirmou.

Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O que é o Estado de Sítio?

O Estado de Sítio é um instrumento no qual o chefe de Estado suspende por um período temporário a atuação dos Poderes Legislativo e Judiciário.

É um recurso emergencial que não pode ser utilizado para fins pessoais, apenas para agilizar as ações governamentais em períodos de grande urgência e necessidade de eficiência do Estado.

No Brasil, o Estado de Sítio possui uma duração limitada de 30 dias e só pode ser estendido em casos de guerra.

O que acontece durante o Estado de Sítio?

Conforme o artigo 139 da Constituição, o Estado de Sítio prevê a limitação de alguns direitos fundamentais:

  • Obrigação de permanência em localidade determinada;
  • Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
  • Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
  • Suspensão da liberdade de reunião;
  • Busca e apreensão em domicílio;
  • Intervenção nas empresas de serviços públicos;
  • Requisição de bens;

Como o Estado de Sítio é instalado

O Estado de Sítio pode ser decretado pelo presidente, mas com autorização de outras instâncias do Poder. Primeiro, é necessário ouvir o Conselho da República e o Conselho de Segurança Nacional.

O Conselho da República está previsto na Constituição e pode decidir sobre uma intervenção federal, Estados de Defesa e Sítio, além de discutir questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

Segundo a legislação, participam do conselho, além do presidente, o vice-presidente da República, os presidentes da Câmara e do Senado, além dos líderes da maioria e da minoria das duas casas legislativas. Também está prevista a participação do ministro da Justiça e de seis cidadãos com mais de 35 anos, sendo que Presidência, Câmara e Senado indicam duas pessoas cada um.

Já o Conselho de Segurança Nacional é outro órgão de consulta sobre assuntos relacionados à soberania nacional e ao Estado democrático. Cabe a ele decidir sobre declarações de guerra, por exemplo.

Com a aprovação dos conselhos, o presidente deve solicitar a autorização para o Congresso Nacional, que precisa aprovar essa ação por maioria absoluta.

Acompanhe tudo sobre:Jair Bolsonaro

Mais de Brasil

Lira encerra mandato na presidência da Câmara e diz que não terá problemas em voltar a ser deputado

Veja como votou cada deputado na proposta do pacote de corte de gastos

TSE forma maioria para rejeitar candidatura de suspeito de envolvimento com milícia

Fim do DPVAT? Entenda o que foi aprovada na Câmara e o que acontece agora