Imagem de arquivo de João Doria Júnior: Governador eleito de São Paulo fez duras críticas ao seu partido, o PSDB (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de outubro de 2018 às 12h07.
São Paulo - Um dia após ser eleito governador de São Paulo e se tornar homem forte do PSDB, o ex-prefeito João Doria fez duras críticas ao seu partido, defendeu mudanças antecipadas na direção nacional da sigla, hoje comandada por Geraldo Alckmin, e não descartou deixar o mandato antes do final para disputar a Presidência da República, em 2022.
Acho. Não há nenhum desrespeito a quem não tem voto. Mas todo respeito para quem tem voto. A sintonia hoje na política é com a população que votou, que representou a sociedade brasileira. Então, os quem têm voto têm de estar representados majoritariamente na executiva nacional.
Essa é uma decisão da executiva que nós não temos de impor. Mas parece razoável também que, dado o resultado das urnas, que isso possa ser antecipado de uma maneira consensual, equilibrada, sem transformar isso num compromisso bélico, de confronto.
É o lado que precisa existir. Sou uma pessoa que sempre tive lado, que na tomada de decisão nunca disse 'espera aí, vamos ver, quem sabe, veja bem'. E, neste momento, o meu lado é o Brasil. E quem está defendendo o Brasil neste momento é o candidato eleito por 57 milhões de eleitores, Jair Bolsonaro. Então, nossa decisão aqui em São Paulo é apoiá-lo. Não estamos pedindo nada em troca, nenhum ministério, controle de estatal, nem vamos pedir. Não é este o caminho. Essa é a velha política.
Não. Eu não me referi a ninguém nominalmente. Nem no PSDB nem fora do PSDB. Apenas disse que quero representar a nova política e não a velha política.
Porque ele perdeu a sintonia com a realidade do Brasil, ficou distante. E essa reaproximação se faz pelo voto, pela campanha, pela democracia, pelo contato com o povo, na rua, no chão de fábrica.
Porque não fez, não se posicionou. Perdeu o chão de fábrica, ficou no escritório. Tem de descer para o chão de fábrica, conversar. São essas pessoas que, nessa analogia, representam o povo. Esse é o benefício da campanha eleitoral, falar com quem decide. Isso o PSDB, salvo exceções, perdeu nessa eleição.
Também. Não foi apenas isso. Em 2016, a grande vitória do PSDB foi a nossa vitória aqui em São Paulo em primeiro turno. Ela foi a grande influenciadora das eleições municipais em segundo turno na maioria das capitais e cidades brasileiras. Agora, há que se reconhecer que situações que envolveram nomes do PSDB pós esse período contribuíram, sim, para um desgaste do partido.
Não foi pela gestão. Foi pelo fato de ter deixado a Prefeitura. Aliás, foi a alegação de todos, inclusive do meu adversário, que nunca disse que fui um mau gestor. Não foi o fato de termos errado, cometido equívocos sucessivos, ou termos feito ou admitido falcatruas, ou situações que pudessem manchar nossa reputação.
Não é hora de falar sobre isso.
Não é hora de falar nisso. Temos de falar de propostas, compor o governo, falar de gestão. Acabamos de eleger Jair Bolsonaro, todo apoio a ele. Vamos fazer o foco nisso.
Nem há negativa nem afirmativa. Vamos fazer foco no que é importante. O importante agora é apoiar o Bolsonaro para que ele possa fazer um bom governo. Proteger o Brasil com mais empregos, mais renda. Não temos nem de pensar em 2022 e nem sequer nas eleições de 2020.