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O drama de quem perdeu tudo com a chuva em São Paulo

Um dia depois de ver a sua moradia desaparecer em meio a lama e terra, Valdiceia Pereira da Silva, de 48 anos, tentava se ajeitar no novo ”lar” temporário: o Centro Cultural de Franco da Rocha, um dos 23 municípios do estado de São Paulo castigado pelas fortes chuvas registradas entre a noite de quinta-feira (10) […]

Chuva e desabamento em Francisco Morato: a prefeitura informou que 280 pessoas estão desabrigadas e que a grande maioria foi para a casa de parentes ou amigos (Prefeitura de Francisco Morato)

Chuva e desabamento em Francisco Morato: a prefeitura informou que 280 pessoas estão desabrigadas e que a grande maioria foi para a casa de parentes ou amigos (Prefeitura de Francisco Morato)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2016 às 08h28.

Um dia depois de ver a sua moradia desaparecer em meio a lama e terra, Valdiceia Pereira da Silva, de 48 anos, tentava se ajeitar no novo ”lar” temporário: o Centro Cultural de Franco da Rocha, um dos 23 municípios do estado de São Paulo castigado pelas fortes chuvas registradas entre a noite de quinta-feira (10) e a madrugada de ontem (11).

Nessa cidade, localizada ao norte da Grande São Paulo, uma pessoa morreu e 240 ficaram desalojadas. A maioria foi para casa de parentes ou amigos. Desses, 57 que não tinham para onde ir, estão acomodadas em dois abrigos municipais dos quais 50 ocupam as instalações do Centro Cultural, visitado hoje (12) pela manhã pela presidenta Dilma Rousseff.

A presença da presidenta animou Valdiceia que espera, a partir de agora, rapidez na entrega das chaves da casa a que foi contemplada pelo Programa Minha Casa, Minha Vida.

“Espero sair daqui direto para o apartamento”. Ela disse ainda que foi “um milagre” ter sobrevivido junto com o marido, o filho, de 32 anos, e o neto, de 7 meses, quando a tromba d'água passou pelo barraco de madeira onde viviam, no bairro Lago Azul Alto.

“Eu escutei um barulhinho e acordei meu marido, que se levantou rápido e já foi mandando a gente sair de lá. Foi o tempo do meu marido segurar uma tábua para a gente passar e logo tudo caiu”, disse.

Além de servidores municipais muitos voluntários passaram o dia ajudando a atender os desabrigados que receberam kits de higiene pessoal e alimentação. No almoço, foi servido arroz e frango. E a todo instante chegavam donativos, principalmente, calçados e roupas.

Drama de quem procura pelo filho

Em meio aos desabrigados, uma situação bem peculiar chamava atenção no Centro Cultural. Muito aflita, a moradora de São Paulo, Maria Raimunda Marcílio Santos Oliveira, de 46 anos, procurava pelo filho de 20 anos, que desapareceu, justamente, na noite das fortes chuvas.

Ela disse que o rapaz é deficiente mental e sempre vai para a casa da pastora de uma igreja evangélica de Franco da Rocha. “Eu fui até a casa dela, mas ele não chegou lá”, disse lamentando não tê-lo encontrado até aquela hora.

Franco da Rocha é cortada pela Linha 8, Rubi, de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e ainda pelos rios Juqueri e Formoso e também pelo Ribeirão Eusébio, que transbordaram e inundaram várias ruas das áreas mais baixas da cidade.

Muitas vias ainda estavam alagadas ou cheia de barro neste sábado. Vários agentes de trânsito também orientavam os motoristas sobre as mudanças de direção por causa dos bloqueios, o que deixou o tráfego confuso durante o dia e com muito congestionamento.

Em Franco da Rocha, a única morte registrada até agora é de um homem que sofreu parada cardíaca quando tentou atravessar a correnteza de um rio. Ele chegou a ser socorrido mas morreu no hospital, elevando para 20, segundo o Corpo de Bombeiros, o número de mortes até agora na tragédia. A corporação concentrou os trabalhos deste sábado em busca de cinco desaparecidos em Mairiporã, também na região metropolitana, onde cinco pessoas morreram e sete ficaram feridas.

Técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e da Defesa Civil estão fazendo o mapeamento das áreas de riscos em Mairiporã. Alguns locais identificados são os bairros Parque Náutico, Flor da Bragança, Jardim Carpi, Jardim Henrique Martins, Jardim Fernão Dias, Capoavinha, Jardim Santana Jardim Brilha e Mato Dentro.

Na cidade vizinha, Francisco Morato, a prefeitura informou que 280 pessoas estão desabrigadas e que a grande maioria foi para a casa de parentes ou amigos. Na região, oito pessoas morreram. Durante o dia, comerciantes do centro da cidade ainda limpavam o barro nas calçadas. Em toda a cidade, podem ser vistos vários pontos de queda de barreiras.

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