Carlos Arthur Nuzman: (./Getty Images)
Ana Laura Prado
Publicado em 5 de outubro de 2017 às 06h49.
Última atualização em 5 de outubro de 2017 às 08h36.
São Paulo – O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, foi preso na manhã desta quinta-feira, no Rio, em desdobramento da Operação Unfair Play, braço da Lava Jato.
O mandado de prisão foi cumprido por agentes da Polícia Federal (PF), que também prenderam Leonardo Gryner, diretor-geral de operações da Rio 2016. Nuzman é suspeito de intermediar a compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016.
A investigação conjunta do Ministério Público Federal (MPF) do Brasil e do Ministério Público Financeiro de Paris, da França, apura a relação entre viagens dos dois dirigentes à África em 2009 e transferências bancárias para o Papa Massata Diack, filhão de Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).
Em setembro, o juiz federal Marcelo Bretas decretou, a pedido do MPF, o bloqueio de R$ 1 bilhão de Nuzman e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante. No mesmo mês, o presidente do COB também foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa no Rio.
A força-tarefa aponta que "neste grande esquema ganha-ganha" o empresário Arthur Soares direcionou propina que seria destinada ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para Papa Massata Diack, filho do então presidente da IAAF, Lamine Diack. Segundo o MPF, o objetivo era "garantir mais um voto na escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016".
"Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões a representante da Associação Internacional de Atletismo, como forma de obter votos para a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016", afirmou a procuradoria na época.
"Carlos Arthur Nuzman, como presidente do COB (e, posteriormente, também do Comitê Rio-2016), foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares", acrescentou a procuradoria.