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Novos documentos jogam luz sobre caso Rubens Paiva

Estão em posse da Polícia do Rio Grande do Sul fichas, relatórios e manuscritos que trazem novas evidências de que Paiva foi morto por agentes do DOI-Codi

Exposição na Câmara dos Deputados sobre o ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971 durante o regime militar (Renato Araújo/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 17h04.

Porto Alegre - Documentos entregues à polícia gaúcha pelas filhas do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78 anos, assassinado no dia 1.º de novembro quando chegava em casa, em Porto Alegre, devem trazer luz a dois episódios ainda não esclarecidos da ditadura militar brasileira: a morte do deputado cassado Rubens Paiva, em 1971, e o atentado ao Riocentro, durante a comemoração do Dia do Trabalhador, em 1981.

Estão em posse da Chefia de Polícia do Rio Grande do Sul fichas, relatórios e manuscritos que trazem novas evidências de que Paiva foi morto por agentes do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).

Entre os materiais, chama a atenção um ofício datado de 20 de janeiro de 1971 - dia do desaparecimento de Paiva -, que contém uma relação de objetos pessoais que pertenciam ao deputado, como um chaveiro, documentos de identificação, dinheiro, relógio e roupas. O relatório identifica ainda que Paiva chegou ao DOI-Codi do Rio naquele dia trazido por uma equipe do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa).

A versão oficial do Exército é que Paiva teria sido resgatado no momento em que agentes do DOI-Codi o levaram para tentar localizar uma casa onde estariam outros militantes de esquerda. A fuga teria ocorrido, segundo os militares, às 4 horas de 22 de janeiro de 1971.

"(Os novos documentos) são a confirmação e a confissão por via indireta de que o pessoal do DOI-Codi manteve o Rubens Paiva preso e, certamente, o assassinou e desapareceu com o seu corpo. As pessoas que estavam lotadas no DOI-Codi do Rio, e isso é fácil descobrir, terão que explicar à Comissão da Verdade o que fizeram com o corpo e quem o assassinou", afirma o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke.


Alçado a chefe do órgão quase uma década depois do desaparecimento de Paiva, o coronel Dias, antes de se aposentar, recolheu esses documentos e guardou consigo. Porém, seu arquivo pessoal vai além.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem - mas que não quiseram se identificar -, há ainda entre os documentos uma espécie de relatório escrito de próprio punho, no qual Dias relata minuto a minuto a repercussão no dia do atentado ao Riocentro.

"Quando houve o escândalo do Riocentro, o Exército abriu um IPM (Inquérito Policial Militar), que foi presidido pelo coronel Dickson Grael. Na época, ele deu uma declaração que causou estranheza, algo como 'farei um inquérito e doa a quem doer'. Pouco depois ele foi dispensado", conta Krischke.

Mais tarde, Grael publicou um livro no qual aponta como um dos responsáveis pelo atentado o colega Dias.

Nesta quinta-feira (22), o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, afirmou que não leu o material entregue pelas filhas do coronel à polícia, mas que ficou sabendo do seu teor e os classificou como "importantes". A ideia é que eles sejam analisados pela Comissão Estadual da Verdade e repassados à Comissão Federal na próxima semana. "Esses documentos não são particulares, mas do Estado brasileiro", destaca Krischke. Para ele, o conteúdo deve ser imediatamente estudado, avaliado e tornado público.

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Porto Alegre - Documentos entregues à polícia gaúcha pelas filhas do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78 anos, assassinado no dia 1.º de novembro quando chegava em casa, em Porto Alegre, devem trazer luz a dois episódios ainda não esclarecidos da ditadura militar brasileira: a morte do deputado cassado Rubens Paiva, em 1971, e o atentado ao Riocentro, durante a comemoração do Dia do Trabalhador, em 1981.

Estão em posse da Chefia de Polícia do Rio Grande do Sul fichas, relatórios e manuscritos que trazem novas evidências de que Paiva foi morto por agentes do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).

Entre os materiais, chama a atenção um ofício datado de 20 de janeiro de 1971 - dia do desaparecimento de Paiva -, que contém uma relação de objetos pessoais que pertenciam ao deputado, como um chaveiro, documentos de identificação, dinheiro, relógio e roupas. O relatório identifica ainda que Paiva chegou ao DOI-Codi do Rio naquele dia trazido por uma equipe do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa).

A versão oficial do Exército é que Paiva teria sido resgatado no momento em que agentes do DOI-Codi o levaram para tentar localizar uma casa onde estariam outros militantes de esquerda. A fuga teria ocorrido, segundo os militares, às 4 horas de 22 de janeiro de 1971.

"(Os novos documentos) são a confirmação e a confissão por via indireta de que o pessoal do DOI-Codi manteve o Rubens Paiva preso e, certamente, o assassinou e desapareceu com o seu corpo. As pessoas que estavam lotadas no DOI-Codi do Rio, e isso é fácil descobrir, terão que explicar à Comissão da Verdade o que fizeram com o corpo e quem o assassinou", afirma o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke.


Alçado a chefe do órgão quase uma década depois do desaparecimento de Paiva, o coronel Dias, antes de se aposentar, recolheu esses documentos e guardou consigo. Porém, seu arquivo pessoal vai além.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem - mas que não quiseram se identificar -, há ainda entre os documentos uma espécie de relatório escrito de próprio punho, no qual Dias relata minuto a minuto a repercussão no dia do atentado ao Riocentro.

"Quando houve o escândalo do Riocentro, o Exército abriu um IPM (Inquérito Policial Militar), que foi presidido pelo coronel Dickson Grael. Na época, ele deu uma declaração que causou estranheza, algo como 'farei um inquérito e doa a quem doer'. Pouco depois ele foi dispensado", conta Krischke.

Mais tarde, Grael publicou um livro no qual aponta como um dos responsáveis pelo atentado o colega Dias.

Nesta quinta-feira (22), o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, afirmou que não leu o material entregue pelas filhas do coronel à polícia, mas que ficou sabendo do seu teor e os classificou como "importantes". A ideia é que eles sejam analisados pela Comissão Estadual da Verdade e repassados à Comissão Federal na próxima semana. "Esses documentos não são particulares, mas do Estado brasileiro", destaca Krischke. Para ele, o conteúdo deve ser imediatamente estudado, avaliado e tornado público.

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