Brasil

Novos Cunhas virão?

Enfim, terminou. Depois de 314 dias de processo, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha foi cassado na noite desta segunda-feira por 450 votos a 10. Seus pares entenderam que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobras ao afirmar que não tinha qualquer tipo de conta no exterior. As provas de ao menos quatro […]

EDUARDO CUNHA: “amanhã serão vocês”, afirmou ele aos deputados presentes na Câmara  / Adriano Machado/ Reuters

EDUARDO CUNHA: “amanhã serão vocês”, afirmou ele aos deputados presentes na Câmara / Adriano Machado/ Reuters

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2016 às 06h43.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h42.

Enfim, terminou. Depois de 314 dias de processo, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha foi cassado na noite desta segunda-feira por 450 votos a 10. Seus pares entenderam que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobras ao afirmar que não tinha qualquer tipo de conta no exterior. As provas de ao menos quatro delas na Suíça foram trazidas à luz pelo Ministério Público Federal.

Cunha bem que tentou. Escreveu cartas e telefonou a antigos aliados nas últimas semanas. Nesta segunda-feira, fez uma defesa mais política do que técnica. “Amanhã serão vocês”, disse, lembrando que há 160 deputados respondendo processo na Casa. Seus aliados voltaram a tentar uma pena alternativa. Em vão. “Peço que não me julguem pela opinião pública. O processo tem 7.000 páginas e nenhum de vocês conhecem”, disse Cunha. “Estou pagando o preço o Brasil ficar livre do PT”.

Sem cargo, Cunha agora vira alvo do juiz Sergio Moro na operação Lava-Jato. Sua saída é um marco. Três fatores o deram um status nunca antes visto para um presidente da Câmara: a organização do centrão como grupo político relevante, o amplo conhecimento do regimento da Câmara e dos meandros de Brasília, e uma agressividade política incomum. “Cunha só ganhou esse espaço porque Dilma abandonou a articulação política e só deu atenção ao alto escalão do governo”, afirma Lucas de Aragão, cientista político e diretor da Arko Advice.

Mas o desgaste de imagem foi fatal. Cunha viu o apoio esmorecer por conta de duas ações penais em que é réu no Supremo Tribunal Federal, além de outros seis inquéritos que incluem envolvimento em esquemas de corrupção em Furnas e investigados pela Operação Lava-Jato. Sua reprovação pública foi a 79% de acordo com pesquisa do Instituto Ipsos, feita em junho.

O surgimento de uma nova liderança a seu estilo é improvável. Cunha usou de sua influência nas empresas para distribuir doações eleitorais a partidos políticos e candidatos – sua bancada tinha cerca de 100 nomes. Com o fim das doações privadas em vigor já na atual campanha, a influência econômica tende a ser reduzida. A cláusula de barreira — que limita o número de partidos — também tende a eliminar legendas suscetíveis às barganhas. Cunha levou um jogo político comum em Brasília a níveis inéditos. Repetir seus feitos será muito mais difícil daqui pra frente.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteExame Hoje

Mais de Brasil

Mudanças climáticas vão agravar desafios no abastecimento de água até 2050, diz estudo

G20: Brasil reafirma meta de sair do Mapa da Fome até 2026, diz ministro

União e PSD definem derrota para o governo no Senado em votação de emendas, veja placar

Senado exclui possibilidade de bloqueio de emendas e desobriga a destinação de verbas para a saúde