Exame Logo

Novo titular de Minas e Energia rejeita CPI da Petrobras

Eduardo Braga disse que os órgãos de controle já estão apurando as denúncias de corrupção que envolvem a estatal

Eduardo Braga: "me diz uma coisa que a CPI tenha apurado que os órgão de controle já não tivessem investigando" (Antonio Cruz/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2014 às 09h40.

Brasília - O líder do governo no Senado e futuro ministro de Minas e Energia , Eduardo Braga (PMDB), afirmou ontem que não vê necessidade de uma nova CPI mista da Petrobrás no Congresso em 2015.

Em entrevista ao Estado, o peemedebista disse que os órgãos de controle, como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas da União e a Controladoria-Geral da União, já estão apurando as denúncias de corrupção que envolvem a estatal petrolífera.

Braga disse que as comissões de inquérito abertas para apurar denúncias contra a estatal em 2014 no Legislativo não trouxeram avanços concretos em relação às investigações dos demais órgãos de fiscalização. Por isso, disse não ver necessidade de uma nova CPI no Congresso.

"Me diz uma coisa que a CPI tenha apurado que os órgão de controle já não tivessem investigando. Não vejo necessidade de outra CPI, porque esses órgãos continuam atuando", afirmou.

"Toda e qualquer investigação por essas instituições deve ser feita com transparência e quem for culpado deve ser punido."

Em sintonia com a posição da presidente Dilma Rousseff, o futuro ministro saiu em defesa da presidente da Petrobrás, Graça Foster, desgastada com a crise que envolve a estatal. Braga disse que a executiva tem condições de permanecer à frente da companhia.

"Não vejo nada que desabone a Graça no comando da Petrobrás", afirmou.

Contaminação - O futuro ministro disse que não vê risco de contaminação das investigações da Operação Lava Jato no setor elétrico ou mesmo no setor de petróleo. O ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa chegou a dizer que os dois setores teriam irregularidades.

"Nós chegamos no momento de colher os resultados de todo o trabalho de reestruturação que foi feito na área de prospecção e exploração de petróleo", disse.

"Ainda há muita coisa a ser feita, é claro que não estamos vivendo num mar de rosas. Mas nós estamos tendo indicadores claros de que estamos tendo um aumento na produção que é sustentável e crescente."

'Medo' - Questionado se os desdobramentos da Operação Lava Jato em relação a empreiteiras que tocam obras no setor podem causar ainda mais atrasos, Braga defendeu que as investigações não paralisem os trabalhos das empresas.

"Não podemos construir o medo. Queremos uma apuração transparente das denúncias, mas isso não pode paralisar o setor ou o País."

O futuro ministro disse que tanto o preço baixo do barril de petróleo como as denúncias de corrupção que envolvem a Petrobrás não podem prejudicar o plano de investimentos da estatal.

"Não podemos punir a Petrobrás porque as ações não são da empresa, mas sim de pessoas", afirmou ele, ao defender a continuidade dos investimentos no pré-sal e em outras matrizes. "A empresa não pode parar."

Eduardo Braga afirmou que, a princípio, o secretário executivo do ministério, Márcio Zimmermann, filiado ao PT, vai continuar no Conselho de Administração da Petrobrás.

Embora não tenha conversado com ele, que está em viagem ao exterior, Braga sinalizou que ele poderia ser mantido como seu número 2. "Não tenho nada contra (mantê-lo), ao contrário", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoMinistério de Minas e EnergiaPetrobrasPetróleoPolítica no Brasil

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame