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Novo presidente da Apex assume e demite diretores ligados a Ernesto Araújo

O contra-almirante da Marinha Sergio Ricardo Segovia Barbosa, assumiu o cargo nesta segunda-feira e demitiu a diretora de Negócios, Letícia Catelani

Ernesto Araújo: nomeação tira a Apex da influência do chanceler e dá poder aos militares, mesmo que a agência continue vinculada ao Itamaraty (Valter Campanato/Agência Brasil)

Ernesto Araújo: nomeação tira a Apex da influência do chanceler e dá poder aos militares, mesmo que a agência continue vinculada ao Itamaraty (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 6 de maio de 2019 às 21h38.

Brasília - O novo presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o contra-almirante da Marinha Sergio Ricardo Segovia Barbosa, assumiu o cargo nesta segunda-feira e demitiu a diretora de Negócios, Letícia Catelani, apontada como pivô de boa parte das crises pelas quais passou a agência nesses pouco mais de quatro meses de governo.

Também foi oficializada a saída de Márcio Coimbra, diretor de gestão corporativa, que já havia pedido demissão na semana passada.

"A chegada do novo presidente implicará em algumas mudanças na agência, já iniciadas hoje, com a decisão de Segovia de destituir de suas funções os senhores Marcio Coimbra, diretor de Gestão Corporativa, e Letícia Catelani, diretora de Negócios. Em breve serão informados os nomes dos novos ocupantes dos referidos cargos, cuja indicação estará sob responsabilidade do Conselho Deliberativo Administrativo", diz nota assinada pela assessoria de imprensa da Apex.

Barbosa é o terceiro presidente a assumir a agência, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, quase um mês depois da demissão do embaixador Mario Vilalva.

Sua nomeação e a demissão dos dois diretores, ligados diretamente ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tira a Apex da influência do chanceler e dá poder aos militares, mesmo que a agência continue vinculada ao Itamaraty.

Apontado pelo Planalto como presidente da Agência, o segundo presidente, Vilalva já havia sido uma vitória dos militares. No entanto, perdeu poder para os dois diretores ligados a Araújo e terminou por perder o cargo depois de abrir guerra contra Catelani.

A agora ex-diretora, amiga do chanceler, filiada ao PSL e da chamada ala olavista do governo --formada por admiradores do escritor Olavo de Carvalho-- chegou a colocar uma porta no andar em que ficavam os diretores que impedia o acesso do presidente da Agência.

Ao deixar o cargo, Vilalva acusou Ernesto Araújo de "deslealdade" depois de ter os poderes da presidência esvaziados, com a transferência de algumas atribuições para as diretorias. O embaixador descobriu as mudanças pelo Diário Oficial.

O primeiro presidente da agência, Alecxandro Carreiro, ficou pouco mais de uma semana no cargo, apesar de ter sido apontado diretamente por Bolsonaro por indicação de seu filho, Eduardo. Ao chegar, demitiu 17 funcionários --entre eles os mais antigos da agência--, planejou outras 19 demissões,nomeou 11 pessoas ligadas diretamente e pretendia contratar outros 12. Mais uma vez, bateu de frente com os diretores e foi demitido porque, entre outros problemas, não falava inglês.

Na nota em que aponta as mudanças, a Apex destaca que Barbosa, 55 anos, tem pós-graduação em Política e Estratégia pela Escola Superior de Guerra, é fluente em inglês e espanhol e tem experiência nas áreas militar, gerencial e governamental.

A menção à fluência não é à toa. Antes mesmo do contra-almirante assumir o cargo, boatos vindos da agência começaram a surgir, um deles de que não seria fluente em inglês, uma das exigências legais para o posto.

A Apex tem um orçamento de 500 milhões de reais este ano, em recursos vindos diretamente do Sistema S, para promoção das exportações brasileiras no exterior. Os recursos são separados do Orçamento da União e, com função específica, não estão sujeitos a cortes ou contingenciamentos.

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