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Insatisfeito, Partido Novo avalia monitorar gestão de Zema em Minas Gerais

Uma das medidas que deixou o partido alerta foi a nomeação de pessoas ligadas ao PSDB, como Custódio de Mattos, ex-secretário de Aécio Neves

Romeu Zema: governador de Minas Gerais eleito pelo partido Novo (Luis Ivo/Divulgação)

Romeu Zema: governador de Minas Gerais eleito pelo partido Novo (Luis Ivo/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 08h46.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 10h10.

Belo Horizonte - Preocupada com o impacto da administração Romeu Zema na imagem do partido e com um possível descolamento em relação à legenda, a direção nacional do Novo estuda acionar o Departamento de Apoio ao Mandatário, órgão previsto no estatuto partidário, para monitorar as ações do governo de Minas Gerais.

Algumas ações deste início de mandato de Zema fizeram acender o sinal de alerta na cúpula do Novo. A principal delas foi a nomeação de pessoas ligadas ao PSDB para cargos-chave do governo, como Custódio de Mattos, ex-secretário de Desenvolvimento Social de Aécio Neves, para a poderosa pasta de Governo e o deputado tucano Luiz Humberto Carneiro, que foi líder do ex-governador Antonio Anastasia, para a liderança do governo na Assembleia Legislativa.

Além disso, a manutenção de Germano Vieira, remanescente da gestão Fernando Pimentel (PT), na Secretaria de Meio Ambiente, em meio à tragédia de Brumadinho, também desagradou à cúpula do partido. Durante a campanha, Zema fez duras críticas ao PT e ao PSDB, os quais associou à "velha política" em contraposição à proposta "modernizadora" do Novo.

Segundo fontes próximas à cúpula do partido, a relação da direção com Zema começou a ficar turva ainda no primeiro turno da campanha eleitoral, quando o então candidato pediu votos tanto para João Amoêdo (Novo) quanto para Jair Bolsonaro (PSL). Zema afirmou que foi um erro de comunicação, mas a cúpula do partido não engoliu a explicação.

Agora, dirigentes da sigla se queixam de dificuldades de interlocução com o governador, a quem consideram "muito autossuficiente" e arredio.

Por isso, estudam monitorar a gestão por meio do Departamento de Apoio ao Mandatário, órgão previsto no estatuto do partido que tem o objetivo de dar suporte aos candidatos eleitos pelo Novo, mas também tem a prerrogativa de "vetar nomeações" e "alertar o mandatário" em casos extremos de possível desacordo com as rígidas normas da sigla.

"Prestar contas"

Procurada, a direção do Novo não quis se manifestar. Em entrevista ao Estado, Zema negou qualquer desalinhamento em relação ao partido e disse aceitar com naturalidade o monitoramento pela cúpula da legenda (mais informações nesta página).

"A coisa que eu mais fiz na minha vida foi ter que prestar contas. O que vai mudar agora? Não mudou nada. Prestar conta nos faz agir melhor e aprimorarmos", declarou ele. "O diretório nacional participou ativamente da escolha do secretariado. Nossa interlocução tem sido a melhor possível", completou o governador.

Sobre a nomeação de Germano Vieira, Zema disse se tratar de um técnico aprovado por entidades da indústria, agricultura e mineração.

A opinião, no entanto, não é unanimidade no partido. O deputado estadual Bartô do Novo tem verbalizado a insatisfação com alguns nomes do secretariado. "Vejo como insustentável (a permanência de Germano). Apesar de ter um perfil técnico e ter o aval de algumas instituições, o problema ocorrido na sua pasta foi muito grave", afirmou Bartô do Novo.

Para o deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG), a eleição do primeiro governador vai levar o partido a um amadurecimento, sem que isso represente abrir mão de seus princípios. "Talvez precise ganhar maturidade, especialmente filiados que acham que todas as mudanças vão ser feitas da noite para o dia. Aos poucos, a base de apoio do Novo vai ganhando mais maturidade", disse o parlamentar.

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