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Nova secretária do MinC criticou Dilma

Ivana Bentes disse que o governo Dilma era sustentado por uma coalizão conservadora e chamou de catastrófica a gestão de Ana de Hollanda


	Dilma Rousseff: Ivana Bentes disse que o governo Dilma era sustentado por uma coalizão conservadora e chamou de catastrófica a gestão de Ana de Hollanda
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: Ivana Bentes disse que o governo Dilma era sustentado por uma coalizão conservadora e chamou de catastrófica a gestão de Ana de Hollanda (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 10h14.

São Paulo - A nova secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural da gestão Juca Ferreira no Ministério da Cultura, Ivana Bentes, já entrou no governo sob fogo cerrado.

Ela foi acusada nas redes sociais, nessa terça-feira, 13, de ter ajudado a organizar um protesto que responsabilizava a presidente Dilma Rousseff e diversos auxiliares (como o então ministro José Eduardo Cardozo) por "atos criminosos contra a sociedade", em 2013. Também é acusada de apoiar as táticas de luta dos black blocs.

Vigorosa ativista e intelectual de esquerda, filiada ao PT desde 2011, Ivana foi objeto de longa entrevista em março de 2014 na revista Cult, na qual chamou de "insustentável" o "projeto nacional-desenvolvimentista, fordista, da presidente Dilma, que investe em automóvel, hidrelétrica, petróleo, passando por cima da maior riqueza brasileira, que é seu capital cultural, ferindo direitos, destruindo o meio ambiente".

Segundo Ivana, "os retrocessos no governo Dilma" na primeira gestão envolveriam a adoção, dentro do Estado brasileiro, da atividade maligna de certos "gestores de subjetividade, que revertem e monetizam a potência das favelas e periferias para o turismo, corporações, bancos e para o consumo".

Disse que o governo Dilma era sustentado por uma coalizão conservadora e chamou de catastrófica a gestão de Ana de Hollanda.

Na terça, ao jornal O Estado de S.Paulo, Ivana respondeu à crítica de comportamento contraditório. Definiu-se como integrante da "ponta esquerda do time que joga com a presidenta Dilma" e diz que não se exime de ter um pensamento "crítico e construtivo" dentro do próprio PT e do governo e de apontar retrocessos.

"É nossa contribuição para uma renovação e reconfiguração do campo político no Brasil e de uma esquerda global." Segundo a secretária, a crítica à "criminalização e repressão dos movimentos sociais" não foi feita somente por ela, mas por boa parte da esquerda e do próprio PT.

"Tivemos grandes retrocessos nas políticas culturais nas últimas gestões e com a volta de Juca Ferreira poderemos retomar e ampliar a política para os Pontos de Cultura, e estimular e ativar o diálogo com os movimentos sociais e culturais. É nossa contribuição ao governo Dilma, onde cabem de Kátia Abreu a Juca Ferreira", afirmou.

Sobre sua definição do governo de Dilma como um projeto nacional-desenvolvimentista, fordista, ela disse que tal projeto "pode ser humanizado e revertido partindo da Cultura, reconhecendo a cultura como uma riqueza tão importante quanto o Pré-Sal. O MinC de Juca Ferreira veio para fazer essa inflexão. Acredito na ‘ruídocracia’, em que diferentes vozes participam do processo democrático e de cogestão de um Estado-Rede. Acho extremamente positivo ter essas diferentes vozes dentro do governo e vamos lutar por essa virada de imaginário", afirmou.

Ivana Bentes é ensaísta da Comunicação e doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dirigiu a Escola de Comunicação (ECO) da universidade.

A Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, que Ivana assumiu, tem entre as suas atribuições planejar, coordenar, monitorar e avaliar políticas, programas, projetos e ações para a promoção da cidadania e da diversidade cultural brasileira.

Ivana também é próxima do coletivo Fora do Eixo, grupo que deverá coordenar ações de comunicação na gestão de Juca Ferreira. Segundo afirmou à Cult, o coletivo serve como uma alternativa de emprego para que jovens dispensem ocupações na mídia tradicional, em produtoras comerciais e agências de publicidade.

"Na prática, são uma rede de mais de mil jovens que revertem seu tempo e vida para um projeto comum com um caixa coletivo único que paga comida, roupa e casa coletiva, sem salário individual e um projeto comum. Eles não têm medo de dialogar com os poderes instituídos, ao contrário de um certo discurso midiático que procura criar um grande horror à política, que só afasta os jovens e muitos de nós das disputas", afirmou.

A nova secretária fez parte do conselho do mandato do deputado Jean Wyllys e declara voto em Marcelo Freixo, ambos do PSOL e disse acreditar em frentes suprapartidárias para debater os temas mais caros à esquerda.

Primeira agenda oficial já tem FDE

O líder do coletivo Fora do Eixo (FdE), Pablo Santiago Capilé Mendes, participou nessa terça, 13, da primeira agenda oficial do recém-empossado ministro Juca Ferreira.

Pablo Capilé, como é conhecido, foi um dos presentes ao encontro do ministro com 36 artistas, produtores e realizadores do Rio de Janeiro (embora Capilé seja de São Paulo) no 12º andar do Edifício Parque Cidade Corporate, às 11h, em Brasília.

Ainda não está definido oficialmente o papel que o Fora do Eixo terá no governo, mas sua onipresença na gestão já é visível. Segundo fontes do MinC, eles não terão cargos no ministério, mas o integrarão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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