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"Nossa instituição não persegue pessoas", diz Janot

O procurador-geral da República declarou que cabe ao Ministério Público simplesmente "apurar fatos e os apresentar ao Poder Judiciário"

Rodrigo Janot: "Nossa instituição simplesmente apura fatos e os apresenta ao Poder Judiciário" (Adriano Machado/Reuters)

Rodrigo Janot: "Nossa instituição simplesmente apura fatos e os apresenta ao Poder Judiciário" (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 21h59.

Brasília - Pouco depois de a Câmara iniciar a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, o autor da peça de acusação, Rodrigo Janot, fez uma defesa do trabalho do Ministério Público.

"Nossa instituição não persegue pessoas, simplesmente apura fatos e os apresenta ao Poder Judiciário. Assim ordena a Constituição, assim querem os brasileiros de bem, assim se impõe àqueles que têm caráter", disse o procurador-geral da República, aplaudido por uma plateia de promotores e procuradores, em evento num hotel de Brasília.

Nos bastidores, o gabinete de Janot trabalha com a possibilidade da rejeição política da denúncia pela Câmara desde que a peça foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 26 de junho.

Oficialmente, Janot evitou comentar a votação na Câmara. Em discurso, o procurador-geral disse que tem recebido "muitas indagações em relação ao resultado da importante votação que hoje se desenrola na Câmara".

"Sobre isso, tenho serenamente afirmado que não cabe ao Ministério Público brasileiro inserir em suas ações o fluido componente político", afirmou.

Reservadamente, procuradores do grupo que auxilia Janot nas investigações da Lava Jato dizem que a rejeição da denúncia pelos deputados não vai alterar o cronograma de trabalho na PGR nem uma próxima acusação contra Temer.

O grupo trabalha para enviar ao menos mais uma denúncia contra o presidente até o fim do mandato de Janot, em setembro.

Desta vez, relativa à investigação por obstrução de Justiça que já tramita no Supremo.

Segundo Janot, que foi alvo de críticas em razão do acordo de delação firmado com os executivos da JBS, que deu origem à denúncia conta Temer, "críticas ou incompreensões" são "parte do jogo democrático".

"Afirmo aos senhores que uma instituição plural, democrática e altiva como é o Ministério Público brasileiro jamais estaria a reboque dos acontecimentos, de pessoas ou de interesses menores".

Durante a votação da denúncia contra Temer, Janot procurou manter uma rotina normal. Esteve presente na sessão do STF no plenário durante toda a tarde e depois partiu para evento no qual fez a defesa enfática do trabalho do Ministério Público.

De acordo com o procurador-geral, a instituição só será reverente "a um único soberano, aliás, o único possível em uma democracia: o povo".

No discurso, ele também rebateu o ministro do Supremo Gilmar Mendes. Ontem, o magistrado afirmou que o STF ficou "a reboque das loucuras" de Janot.

"A resposta positiva da sociedade ao nosso trabalho na Lava Jato, bem como o severo crivo pelo qual sempre passaram nossas investigações no judiciário, inclusive no STF, demonstra que aquilo que alguns poucos inconformados chamam, levianamente, de loucura é, de fato, apenas o cumprimento sério e honesto de um mandato constitucional", afirmou Janot.

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