Nicolás Maduro diz que Bolsonaro leva Brasil para "conflito armado"
Presidente da Venezuela disparou críticas contra as posições adotadas pelo mandatário brasileiro
AFP
Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 13h00.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2020 às 13h01.
São Paulo - O presidente Nicolás Maduro acusou, na sexta-feira (14), Jair Bolsonaro de levar o Brasil a um "conflito armado" com a Venezuela, o que usou como justificativa para exercícios militares que serão realizados neste fim de semana.
"Bolsonaro está arrastando as Forças Militares do Brasil para um conflito armado com a Venezuela , ao amparar um grupo de terroristas que atacou um quartel militar venezuelano", disse Maduro à imprensa internacional.
O mandatário socialista se referia ao assalto de militares desertores contra um destacamento da Força Armada venezuelana no estado Bolívar (sul, na fronteira com o Brasil) em 22 de dezembro.
Na ocasião, um agente morreu e fuzis e lançadores de foguetes foram roubados. Seis militares foram presos e cinco pediram refúgio no Brasil.
Maduro afirmou que Bolsonaro, a quem tachou de "fascista", "está por trás das ameaças terroristas contra a Venezuela, embora os militares brasileiros não se prestem a isso".
"Há terroristas no território brasileiro preparando ataques e incursões militares contra a Venezuela. E nós temos direito de nos preparar", acrescentou, justificando assim os exercícios previstos para sábado e domingo.
Segundo o venezuelano, 2,3 milhões de combatentes da Força Armada Bolivariana e da Milícia - corpo civil que atualmente integra a estrutura militar - serão mobilizados no "exercício Escudo Bolivariano 2020".
"Estamos mobilizando todos os sistemas de mísseis terra-ar, terra a terra, os sistemas de foguete, todas as formas de defesa antiaérea, aérea, terrestre, em todo o território nacional, para nos prepararmos, para defender o direito à paz, à integridade territorial", detalhou.
O Brasil é um dos 50 países que consideram ilegítimo o segundo mandato de Maduro e reconhecem o opositor Juan Guaidó como mandatário interino.
O líder chavista reiterou seu pedido para Donald Trump não se deixar "enganar" por "falcões" e pela oposição venezuelana, dias depois de o presidente americano receber Guaidó com honras de chefe de Estado e lhe prometer "esmagar a tirania" de Maduro.
A reunião com Trump foi o ponto máximo de uma turnê internacional de Guaidó, que deixou o país burlando uma proibição judicial.
"No dia em que os tribunais da República derem ordem de prender Juan Guaidó por todos os crimes que cometeu, ele irá para a prisão. Este dia não chegou, mas chegará", alertou Maduro.