Agência de notícias
Publicado em 10 de setembro de 2024 às 06h58.
Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 07h27.
Os céus de várias regiões do Brasil foram dominados por uma névoa densa que, à primeira vista, pode ser confundida com neblina típica das manhãs frias. No entanto, a origem desse fenômeno não está nas baixas temperaturas, mas nas queimadas que assolam a Amazônia e outras partes do país. Esse cenário tende a se agravar, com possibilidade da fumaça chegar até mesmo na Argentina e no Uruguai nos próximos dias, conforme alertam meteorologistas.
Os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso, além de parte da Bolívia, registaram o maior número de focos de incêndio em 19 anos. A nuvem de fumaça já cobre cerca de 50% do território brasileiro, o que representa quase 5 milhões de quilômetros quadrados.
Essa massa de ar carregada de fuligem e partículas de poluição, arrastada por ventos do norte e nordeste, segue em direção à região sul do Brasil e deve alcançar, até o final da semana, capitais como Buenos Aires, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai.
O fenômeno pode se assemelhar à neblina, ainda mais em regiões onde frentes frias são comuns, mas diferem em dois aspectos: persistência e densidade. A neblina tradicional é formada pela condensação de vapor de água, que cria uma camada fina de gotículas no ar.
Já a fumaça das queimadas é composta por partículas finas de material queimado, que podem flutuar no ar por dias, a depender das condições meteorológicas. Enquanto a neblina se dissipa ao longo da manhã, a fumaça continua no ar, agrava problemas respiratórios, como asma e bronquite.
As correntes de vento que normalmente transportam umidade do Atlântico para o interior do continente agora carregam partículas de fumaça. Essas correntes passam pela Amazônia e seguem em direção ao sul, onde encontram frentes frias, o que intensifica a presença da fumaça em estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Meteorologistas preveem que a fumaça possa atingir as capitais Buenos Aires e Montevidéu, principalmente se a situação de seca e calor extremo persistir. Além dos transtornos causados pela fumaça, como problemas respiratórios e a diminuição da visibilidade, as queimadas causam graves problemas no meio ambiente.
Mediante aos incêndios, a Amazônia tem sua capacidade de absorver carbono reduzida — situação que impacta diretamente o agravamento do efeito estufa. Nas últimas semanas, a fuligem presente na atmosfera prejudicou a qualidade do ar em diversas regiões. Fotos e vídeos de cidades como Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Uberaba (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), viralizaram nas redes sociais.
O tempo seco também é um predisposto para doenças do sistema respiratório, como rinite e sinusite, por exemplo. Quando o ar está muito seco, ele acaba desidratando a mucosa respiratória e diminui os cílios de proteção presente no nariz. Favorecendo alergias e entrada de bactérias, o que pode levar a essas doenças.
No que concerne à gravidade da pouca umidade no ar, entre 20 e 30% é considerado estado de atenção. Quando a umidade do ar se encontra entre 20 e 12% já é considerado estado de alerta. Logo, abaixo de 12% de umidade no ar considera-se estado de emergência.
Além da hidratação e de uma boa alimentação, especialistas também recomendam outros tipos de cuidados, como:
Ambientes fechados devem ser arejados regularmente. Uma alternativa é usar vaporizadores assim como recipientes com água em ambientes mais secos.
Consumir bastante líquido, em especial água.
Evitar a prática de exercícios físicos entre 10 e 16 horas.
Lave tapetes e cortinas com frequências. Aspire e limpe todos os locais que possam acumular poeira.
Lave a suas roupas de inverno antes de vesti-las. Como ficam muito tempo guardadas no armário, elas tendem a ser contaminadas por fungos e mofo.
Colocar uma bacia de água no ambiente para ajudar a evitar o ressecamento da mucosa respiratória, além de aliviar desconfortos em crises alérgicas já manifestadas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os valores considerados adequados para a saúde devem estar entre 50% e 60%. Para enfrentar os efeitos no organismo, a recomendação principal é manter a hidratação.
No caso do tempo seco, acende-se ainda o alerta para o aumento da possibilidade de transmissão de doenças infeccionais virais e bacterianas, assim como pode haver o agravamento do quadro de pessoas que sofrem de alergias respiratórias.
Com a baixa umidade relativa do ar, observa-se também o aumento da irritação de todas as mucosas, como a ocular e a nasal, até a sensação de boca mais seca.