"Não há risco de retrocesso democrático no Brasil", diz Moro
Em Portugal, juiz destacou papel da opinião pública na Lava Jato, um "importante" apoio que "funciona como um escudo contra a obstrução à justiça"
EFE
Publicado em 3 de junho de 2017 às 08h34.
Última atualização em 3 de junho de 2017 às 08h57.
Lisboa - O juiz Sergio Moro não considera que haja "risco de retrocesso democrático" no Brasil, em uma entrevista divulgada neste sábado pelo jornal português "Expresso".
"Apesar da turbulência, o que existe é um processo de maturidade institucional. As instituições brasileiras são sólidas e não há risco de um retrocesso democrático", considerou Moro.
O juiz, que visitou Portugal para participar das Conferências do Estoril, destacou que a sociedade brasileira "anseia que seus governantes sejam cada vez mais íntegros", mas reconheceu que "há muita ansiedade" porque a operação Lava Jato "trouxe turbulência política".
"Nada que não seja resolvido através das instituições", disse.
Além disso, Sergio Moro considerou que "não há saída mais honrada do que seguir adiante e aprofundar a investigação", que não tem prazo para terminar pelas novas provas que vão surgindo.
"A questão política está se resolvendo. O objetivo não é eliminar a corrupção, um comportamento desviado que sempre haverá, o importante é reduzi-la, e sobretudo eliminar a corrupção sistemática como prática habitual dos negócios públicos", sublinhou.
O juiz destacou o papel da opinião pública, um "importante" apoio que "funciona como um escudo contra a obstrução à justiça em processos que envolvem pessoas poderosas".
Neste sentido, defendeu a autorização que deu para divulgar as escutas feitas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diálogos que para ele "não eram privados, senão de interesse público".
"Em casos que envolvem crimes contra a administração pública, entendo - e não sou o único - que é exigida a liberdade de informação e que se dê a estes processos grandes visibilidade e publicidade, para que as pessoas possam avaliar não só o que fazem seus governantes, mas o que faz a justiça", concluiu.