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Não é com o PSL que Bolsonaro tem que brigar, diz Major Olimpio

Para líder do governo no Senado, declarações do presidente sobre o partido não têm relação com caso de candidaturas-laranja na sigla

Major Olimpio: senador faleceu nesta quinta-feira (18) (Adriano Machado/Reuters)
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Reuters

Publicado em 9 de outubro de 2019 às 16h41.

Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 16h43.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro não tem que brigar com o PSL , disse nesta quarta-feira (9) o líder do partido no Senado, Major Olimpio (SP), para quem as duras declarações sobre a legenda e o presidente da sigla não têm relação com as denúncias envolvendo o ministro do Turismo e supostas candidaturas-laranjas no ano passado.

"É essa a situação que está angustiando o presidente? Eu não acredito. Porque ele está se desgastando de manter no ministério alguém que hoje é acusado. Então, não é com o partido que ele tem que brigar", disse Olimpio em entrevista à Reuters, em meio a notícias que Bolsonaro estaria para sair do PSL.

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No domingo, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que depoimento dado à PF e planilha sugerem que dinheiro de um suposto esquema do PSL em Minas Gerais foi desviado por caixa 2 às campanhas de Álvaro Antônio e do presidente, o que Bolsonaro nega.

"A apuração de Minas Gerais não tem causa e efeito com essa manifestação do presidente, porque se não ele teria demitido o ministro", disse Olimpio, acrescentando que causou "perplexidade" a fala de Bolsonaro a um apoiador que esquecesse o PSL e que o presidente do PSL, Luciano Bivar, está "queimado".

O líder, que afirma ter conversado com Bivar ainda na terça-feira, defende o diálogo para se chegar a uma solução.

Ao mesmo tempo que ressaltou desconhecer o motivo do desconforto verbalizado pelo presidente da República na véspera, Olimpio defendeu as investigações até "as últimas consequências" sobre o tema, mesmo que isso impacte negativamente no PSL, e que seja necessário "cortar na própria carne" para dar exemplo.

O senador lembra que Bolsonaro foi eleito justamente sob as bandeiras do combate à corrupção e à criminalidade.

Apesar de ter angariado mais 250 mil novas filiações em apenas um dia em setembro, o PSL passa por turbulências, com ameaças de desembarques e críticas públicas. Olimpio pondera, entretanto, que o movimento faz parte da vida partidária.

"Todo partido tem confusão. Apenas quando é o partido do presidente, as confusões dão notícia", afirmou, lembrando que a sigla não seguiu o script de formação tradicional de outros partidos políticos.

"Um monte de gente vislumbrou a oportunidade 'olha, vou disputar a eleição, o Bolsonaro foi ali, eu vou junto'... foi um catado", disse.

Olimpio aproveitou, inclusive, para criticar o comando estadual da sigla em São Paulo, a cargo do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. Para o senador, estão "destruindo" o partido no Estado e há chances de "fracasso" eleitoral em 2020.

"Está sendo uma catástrofe a administração dele lá e da Executiva Estadual. Estão destruindo o partido no Estado. Ninguém para eles tem perfil conservador, então eles têm que arrancar todo mundo... Ninguém para eles presta nas Executivas municipais."

"Em outros Estados tem situações pontuais, mas são situações regionais, não estão afetas ao presidente da República."

PEC paralela só em 2021

Na agenda legislativa, Olimpio avalia que há possibilidade de a PEC Paralela da Previdência avançar no Senado ainda neste ano. Mas diante de resistências na Câmara por conta das eleições municipais, ela só deve ter sua tramitação concluída nas duas Casas em 2021.

Olimpio defende que essa Proposta de Emenda à Constituição complementa pontos importantes da PEC principal da reforma e deve ser aprovada, mesmo que apenas depois das eleições municipais.

"Tem eleições no ano que vem, os deputados federais dizem 'nós vamos fazer o papel de malvados, e os deputados estaduais fazendo papel de bonzinhos, sem se comprometer, e em 2022 temos eleições, eles vêm para o nosso lugar e nós nos queimamos com a população'", disse, acrescentando ter sido esse o motivo de a Câmara não incluir Estados e municípios na reforma da Previdência.

"O Senado vai fazer a sua parte. Eu acredito que nós entregamos votado para a Câmara a PEC paralela ainda neste ano", disse. "A resistência maior sobre ela lá na Câmara vai ser exatamente a colocação dos Estados e municípios. O ano eleitoral dificulta, é um processo. Mas se em 2021 nós tivermos conteúdos da PEC paralela incluídos na Constituição, aprovados, será muito melhor do que não ter projeto nenhum para fazer as alterações pertinentes."

A PEC Paralela foi a solução encontrada pelos senadores para promover alterações na reforma da Previdência sem mexer no texto principal da proposta, de forma a evitar que ele tenha que passar por uma reavaliação pela Câmara dos Deputados.

A PEC principal em si, garante o líder, será votada no dia 22, como acertado entre parlamentares após o acordo em torno da construção de um projeto de lei para definir os critérios de divisão de parte dos recursos da cessão onerosa entre Estados e municípios.

"A reforma da Previdência, nós tínhamos um calendário para o dia 10, que foi adiado, e eu acho que é próprio do jogo democrático, num momento de definições, exigências, mas tudo tem o seu limite", pontuou.

Olimpio criticou ainda a ausência de senadores na próxima semana em virtude da canonização de irmã Dulce no Vaticano, o que contribuiu para atrasar ainda mais a votação da reforma.

"É a lei Tim Maia, aqui: 'me dê motivos', para tudo", brincou, lembrando que um grupo de senadores deve partir para o Vaticano com recursos públicos.

"Eu sou católico, mas o país é laico", defendeu. "Ir no meio desse processo para dizer 'vamos empurrar mais 10 dias para pressionar mais o Executivo para votar a Previdência'? Dá licença, isso é uma piada para o mundo. Só que nessa piada muita gente sofre", criticou.

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