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Não dá para dar um golpe?, brinca Bolsonaro sobre comandar Mercosul

Fala do presidente aconteceu em tom de brincadeira, mas sem perceber que os microfones estavam ligados

Jair Bolsonaro: presidente afirmou que partidos de esquerda da América do Sul dizem que é golpe quando perdem eleições (Isac Pereira da Nóbrega/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: presidente afirmou que partidos de esquerda da América do Sul dizem que é golpe quando perdem eleições (Isac Pereira da Nóbrega/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 14h26.

Bento Gonçalves — Sem notar que ainda estava com microfone aberto, o presidente Jair Bolsonaro foi pego nesta quinta-feira (5) fazendo uma crítica às esquerdas da América do Sul e reclamando de que quando "eles perdem" eleições acusam o processo de ser um golpe.

A fala, captada ao final da reunião de presidentes do Mercosul, quando o presidente entregou o martelo que representa a presidência pro-tempore do bloco ao paraguaio Mario Abdo Benitez, foi feita logo depois da vice-presidente do Uruguai, Lucía Topolansky, ter afirmado que houve uma "quebra institucional" na Bolívia.

Sem notar que os microfones ainda estava captando sua fala, Bolsonaro resolveu fazer uma brincadeira.

"Queria continuar presidente (do Mercosul), não dá para dar um golpe não?", disse a Abdo, continuando em seguida. "Tudo quando eles perdem, diz que é golpe. É impressionante né?"

 

Os problemas na Bolívia foram um dos únicos pontos polêmicos entre os presidentes durante o encontro do Mercosul.

Topolansky, em sua fala, afirmou que "na democracia não existem atalhos". Já a chanceler boliviana, Karen Longaric, representando a autoproclamada presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, afirmou que não se pode falar em quebra institucional em seu país quando a Assembleia Nacional continua funcionando.

"Como se pode dizer que houve golpe de Estado se a Assembleia continua funcionando, com representantes do partido que deixou o governo, e acaba de aprovar por unanimidade a convocatória eleitoral?", disse Longaric.

"Na Bolívia não houve uma quebra de institucionalidade. A força moral do povo boliviano que obrigou Evo Morales a deixar a Presidência."

Dos quatro países do bloco, apenas o Brasil reconheceu imediatamente o governo de Áñez, apesar de Argentina e Paraguai terem apoiado uma transição no país.

Em seu discurso, o presidente da Argentina, Maurício Macri, defendeu mais uma vez a urgência de que o novo governo boliviano marque novas eleições para breve, ao que a chanceler respondeu que isso será feito logo e convidou os países do Mercosul a acompanhar o pleito.

Bolsonaro disse ainda, ao responder o discurso de Longaric, que espera ver em breve a Bolívia como membro pleno do Mercosul. O protocolo de adesão do país já foi assinado, mas precisa ser aprovado pelos Parlamentos dos outros quatro membros, o que até agora não aconteceu.

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