Bolsonaro: presidente será homenageado em 14 de maio (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2019 às 18h07.
Última atualização em 15 de abril de 2019 às 18h43.
São Paulo — O Museu de História Natural de Nova York decidiu nesta segunda-feira (15) não sediar o evento de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que vai homenagear o presidente Jair Bolsonaro, em 14 de maio.
A decisão foi publicada no Twitter oficial do espaço, que afirmou ter conversado com organizações que atuam com o museu para decidir pelo cancelamento do encontro.
With mutual respect for the work & goals of our individual organizations, we jointly agreed that the Museum is not the optimal location for the Brazilian-Am. Chamber of Commerce gala dinner. This traditional event will go forward at another location on the original date & time.
— American Museum of Natural History (@AMNH) April 15, 2019
"Com respeito mútuo pelo trabalho e objetivos de nossas organizações individuais, concordamos em conjunto que o Museu não é o local ideal para receber o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Este evento tradicional irá acontecer em outro local na mesma data e hora", escreveu.
Em uma série de postagens em português feitas neste domingo (14), o Museu afirmou que gostaria de "deixar claro que não convidou o presidente Bolsonaro; ele foi convidado como parte de um evento externo". A instituição também agradeceu "às pessoas que expressaram sua opinião sobre o evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA".
Disse, ainda, estar "profundamente" preocupada "com os objetivos declarados da atual administração brasileira", e que está " trabalhando ativamente para entender nossas opções relacionadas a este evento".
(1/3) O Museu que agradecer às pessoas que expressaram sua opinião sobre o evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Entendemos e compartilhamos sua preocupação.
— American Museum of Natural History (@AMNH) April 14, 2019
O presidente Bolsonaro foi escolhido para receber o prêmio “Personalidade do Ano” da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em seu jantar de gala, em 14 de maio.
Todos os anos, a câmara escolhe duas personalidades, uma americana e outra brasileira, e as premia em seu jantar de gala para mais de mil convidados, com entradas ao preço individual de 30.000 dólares, que estão esgotadas.
Desde a semana passada, o local já avaliava se manteria a premiação. Ativistas ambientais se queixaram da premiação ao presidente ser realizada no Museu de História Natural. Treze representantes de povos indígenas denunciaram, ao jornal Le Monde, que a política ambiental de Bolsonaro os deixa às portas de “um apocalipse”.
“Esse governo quer monopolizar toda a Amazônia, dessangrá-la ainda mais construindo novas estradas e ferrovias”, alertam a cacique Ivanice Pires Tanone, do povo Kariri Xocó, e o cacique Paulinho Paiakan, do povo Kayapó, entre outros dirigentes.
Desde que assumiu o poder em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro pôs em andamento políticas contrárias à demarcação de terras indígenas e às ONGs que lutam contra as mudanças climáticas.
Assim que assumiu o poder, Bolsonaro transferiu para o ministério da Agricultura a questão sensível da demarcação de terras indígenas e o serviço de vigilância florestal, acendendo as críticas de organizações indigenistas e de defesa do meio ambiente.
O presidente, eleito com mais de 55% dos votos após uma campanha com um forte discurso anticorrupção e de linha dura contra a criminalidade, também foi acusado de racismo e homofobia, após polêmicas declarações públicas.
No ano passado, foram premiados no museu do bilionário ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg e o então juiz Sérgio Moro, encarregado da Lava Jato, atual ministro da Justiça e Segurança Pública.