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Mujica afirma que afastamento de Dilma tem "cheiro de golpe"

O ex-presidente fez as declarações na noite de quinta-feira, em um de seus frequentes discursos na rádio uruguaia "M24"

Dilma e Mujica: Mujica disse que o presidente interino, Michel Temer, também é "acusado e processado na Justiça" (Wilson Dias / Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2016 às 15h53.

Montevidéu - O ex-presidente e atual senador do Uruguai José Mujica afirmou que a decisão do Senado de afastar a presidente Dilma Rousseff, apesar de legal, tem "cheiro de golpe de Estado", e destacou que o sistema político brasileiro "está doente".

O ex-presidente fez as declarações na noite de quinta-feira, em um de seus frequentes discursos na rádio uruguaia "M24", e avaliou que a melhor decisão para o Brasil seria a convocação de novas eleições, devido ao "descrédito geral" na política do país.

Nesse sentido, Mujica disse que o presidente interino, Michel Temer, também é "acusado e processado na Justiça".

E também destacou que mais de 50% dos parlamentares brasileiros "estão de uma forma ou de outra com contas pendentes" no Judiciário.

Temer foi recentemente condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por doações de campanha acima do limite legal na campanha de 2014 e multado em R$ 80 mil.

Além disso, pode ter que enfrentar um processo de impeachment por motivos similares ao que obrigaram Dilma a se afastar temporariamente do poder.

O presidente interino também foi citado por delatores na Operação Lava Jato, mas, até então, a Procuradoria-Geral da República não pediu autorização para investigá-lo.

Para Mujica, a realização de novas eleições no Brasil não irá ocorrer porque essa decisão deveria ser tomada pelo Congresso, cujos representantes não estão dispostos a perder seus privilégios.

"Por mais legal que seja a decisão tomada no Brasil, tudo não deixa de ter um cheiro de golpe de Estado, porque uma decisão popular expressada em votos foi alterada, não por assuntos penais, que poderia se entender, mas por uma questão de má administração ou como queira chamar", disse o ex-presidente do Uruguai.

Por outro lado, Mujica afirmou que a decisão do Congresso brasileiro é um "dramático remendo" e afirmou que ela agravará as consequências da crise econômica atravessada pelo país.

Para o atual senador uruguaio, os que mais sofrerão com a crise serão as "40 milhões de pessoas que viviam em estado de pobreza" e que chegaram à classe média graças às medidas da própria Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como forma de comparação, Mujica usou a Argentina e afirmou que as iniciativas tomadas pelo novo presidente do país vizinho, Mauricio Macri, repercutiram "multiplicando abruptamente" a quantidade de pobres no país.

"A política de cortes, de diminuição de despesas, pelas razões que forem, não entro para discuti-las, estão repercutindo nas despesas sociais e, naturalmente, no campo dos salários mais baixos, de piores receitas. Como sempre, os setores mais frágeis quando a economia se ressente são, em geral", os mais afetados", disse.

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Montevidéu - O ex-presidente e atual senador do Uruguai José Mujica afirmou que a decisão do Senado de afastar a presidente Dilma Rousseff, apesar de legal, tem "cheiro de golpe de Estado", e destacou que o sistema político brasileiro "está doente".

O ex-presidente fez as declarações na noite de quinta-feira, em um de seus frequentes discursos na rádio uruguaia "M24", e avaliou que a melhor decisão para o Brasil seria a convocação de novas eleições, devido ao "descrédito geral" na política do país.

Nesse sentido, Mujica disse que o presidente interino, Michel Temer, também é "acusado e processado na Justiça".

E também destacou que mais de 50% dos parlamentares brasileiros "estão de uma forma ou de outra com contas pendentes" no Judiciário.

Temer foi recentemente condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por doações de campanha acima do limite legal na campanha de 2014 e multado em R$ 80 mil.

Além disso, pode ter que enfrentar um processo de impeachment por motivos similares ao que obrigaram Dilma a se afastar temporariamente do poder.

O presidente interino também foi citado por delatores na Operação Lava Jato, mas, até então, a Procuradoria-Geral da República não pediu autorização para investigá-lo.

Para Mujica, a realização de novas eleições no Brasil não irá ocorrer porque essa decisão deveria ser tomada pelo Congresso, cujos representantes não estão dispostos a perder seus privilégios.

"Por mais legal que seja a decisão tomada no Brasil, tudo não deixa de ter um cheiro de golpe de Estado, porque uma decisão popular expressada em votos foi alterada, não por assuntos penais, que poderia se entender, mas por uma questão de má administração ou como queira chamar", disse o ex-presidente do Uruguai.

Por outro lado, Mujica afirmou que a decisão do Congresso brasileiro é um "dramático remendo" e afirmou que ela agravará as consequências da crise econômica atravessada pelo país.

Para o atual senador uruguaio, os que mais sofrerão com a crise serão as "40 milhões de pessoas que viviam em estado de pobreza" e que chegaram à classe média graças às medidas da própria Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como forma de comparação, Mujica usou a Argentina e afirmou que as iniciativas tomadas pelo novo presidente do país vizinho, Mauricio Macri, repercutiram "multiplicando abruptamente" a quantidade de pobres no país.

"A política de cortes, de diminuição de despesas, pelas razões que forem, não entro para discuti-las, estão repercutindo nas despesas sociais e, naturalmente, no campo dos salários mais baixos, de piores receitas. Como sempre, os setores mais frágeis quando a economia se ressente são, em geral", os mais afetados", disse.

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