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MTST ocupa Ministério da Fazenda em protesto contra ajuste

Ativistas do movimento ocuparam as sedes do Ministério da Fazenda em diferentes cidades como forma de protesto contra as medidas de austeridade

Ativista do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) durante protesto contra ajuste fiscal (Elza Fiuza/ABr)

Ativista do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) durante protesto contra ajuste fiscal (Elza Fiuza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2015 às 18h13.

São Paulo - Ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam nesta quarta-feira as sedes do Ministério da Fazenda em diferentes cidades como forma de protesto contra as medidas de austeridade implantadas pelo governo para reequilibrar as contas públicas.

O líder do movimento, Guilherme Boulos, criticou o plano de ajuste fiscal lançado pela presidente Dilma Rousseff para reverter o déficit de 0,5% do PIB previsto no orçamento para 2016 e ameaçou fazer mais manifestações enquanto continuarem os cortes.

"Enquanto não parar o ajuste fiscal e não liberarem recursos para moradia neste país vai haver manifestação quase todos os dias", ameaçou o líder do MSTS.

O governo anunciou recentemente um novo corte do gasto público, atingindo pela primeira vez os programas sociais, bandeira do ex-presidente Lula e de Dilma. A redução de gastos chegou até o programa Minha Casa, Minha Vida, levando centenas de manifestantes às ruas de diversas cidades do país para protestar.

"A presidente lançou a terceira fase do programa e, no dia seguinte, anunciou cortes no orçamento. Se há uma coisa que não aceitamos é sermos tratados como bobos", disse Boulos, indicando que uma delegação do MSTS será recebida pela Secretaria da Presidência, em Brasília.

Os manifestantes ocuparam as sedes do Ministério da Fazenda em diferentes cidades, entre elas São Paulo e Brasília, e criticaram o titular da pasta, Joaquim Levy, pela defesa da austeridade.

Em Brasília, a Polícia Militar (PM) utilizou gás lacrimogêneo para retirar os cerca de 2 mil manifestantes da sede do ministério. Ao mesmo tempo, 1.500 professores do Movimento dos Sem-Terra (MST) ocuparam os ministérios da Educação e Agricultura, onde entraram em confronto com a PM, que reagiu lançando gás de pimenta.

Os ativistas chegaram a pichar algumas paredes, onde escreveram "Kátia assassina", em referência à ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

Em São Paulo, os manifestantes ocuparam por mais de três horas a sede regional do Ministério da Fazenda, indo na sequência para protestar na Praça da Sul, no centro da capital paulista.

"Acho que eles (o governo) não estão trabalhando de forma correta por estarem olhando mais o lado da classe alta. Nós somos de uma classe pobre, pessoas mais humildes, não somos levados em conta", disse José Carlos Ribeiro, que participou do protesto acompanhado de sua filha.

No município paulista de Sumaré, cerca de mil pessoas do MTST, de acordo com a PM, bloquearam parcialmente a Rodovia Anhanguera, uma das mais importantes do estado.

Já no Rio de Janeiro, por sua vez, os manifestantes decidiram montar acampamento e fazer um almoço comunitário em frente à sede do Ministério da Fazenda, no centro da cidade.

A sede do escritório regional do ministério em Belo Horizonte também foi ocupada por cerca de 30 pessoas, de acordo com as autoridades.

Os movimentos sociais, tradicionalmente vinculados ao PT, defenderam inicialmente as tentativas de abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mas começaram a criticar o ajuste fiscal proposto pelo governo.

O Brasil enfrenta uma delicada crise econômica, o que levou o governo a revisar para baixo as previsões de crescimento neste ano para 2,44%, apesar de os analistas estimarem uma retração de 2,7%.

A inflação deve fechar o ano acima de 9%, o dobro da meta oficial de 4,5% e superando o teto máximo de 6,5%. Já as taxas de juros estão em 14,25%, o nível mais alto durante a gestão de Dilma, que tem apenas 7% de popularidade, a menor registrada nos dois mandatos.

Além disso, o governo atravessa uma delicada crise política, provocada em parte pelos escândalos de corrupção na Petrobras.

Por essas razões, a Standard & Poor's reduziu a nota de risco do Brasil ao nível BB+, considerado como "bônus lixo", e muitos analistas temem que essa decisão possa ser seguida por outras agências de classificação. 

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