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MPSP tem reunião com prefeitura sobre projeto para Cracolândia

As promotorias de direitos humanos, saúde pública e infância e juventude acompanham o novo projeto para a Cracolândia, que substitui o "De Braços Abertos"

Cracolândia: a nova proposta da prefeitura pretende exigir a "desintoxicação" das pessoas que serão atendidas como condição para ter acesso às opções de trabalho (Marcelo Camargo/ABr/Agência Brasil)

Cracolândia: a nova proposta da prefeitura pretende exigir a "desintoxicação" das pessoas que serão atendidas como condição para ter acesso às opções de trabalho (Marcelo Camargo/ABr/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 16 de março de 2017 às 19h18.

O Ministério Público do Estado de São Paulo voltou a se reunir hoje (16) com a área de saúde da prefeitura de São Paulo para detalhar as ações do programa Redenção.

Na semana passada, os promotores fizeram diversas críticas à iniciativa que a administração municipal pretende implementar na Cracolândia, área da região central da capital conhecida pela concentração de usuários de drogas.

As promotorias de direitos humanos, saúde pública e infância e juventude instauraram um procedimento para acompanhar o andamento do projeto.

A proposta é substituir o programa De Braços Abertos, da gestão anterior, que tinha foco na redução de danos, buscava integrar os usuários de drogas a frentes de trabalho e oferecia moradia em hotéis na região.

A nova proposta da prefeitura pretende exigir a "desintoxicação" das pessoas que serão atendidas como condição para ter acesso às opções de trabalho.

Além disso, há um foco na internação, especialmente em comunidades terapêuticas, instituições muitas vezes religiosas que fornecem atendimento não médico.

Ação policial

As ações policiais também devem ser intensificadas com o uso, inclusive, do Batalhão de Choque da Polícia Militar, além do policiamento convencional e participação da Guarda Civil Metropolitana.

Esse é um dos pontos que trouxe maior preocupação aos promotores.

Na reunião anterior, o promotor Arthur Pinto Filho ponderou que as experiências acumuladas na região mostram que a participação ostensiva da polícia, próxima do atendimento social e de saúde, dificulta a criação de vínculos de confiança com os usuários.

Já o promotor Eduardo Valério lembrou que os frequentadores e residentes da Cracolândia têm elevado grau de vulnerabilidade e que intervenções policiais anteriores tiveram consequências ruins, inclusive espalhando os grupos de consumidores de crack por outras partes da cidade.

Ele destacou ainda a necessidade de que sejam consultados os conselhos municipais que cuidam das áreas de assistência social, saúde e drogas - entidades que têm participação da sociedade civil.

Vulnerabilidade

Dados colhidos pela prefeitura entre julho e agosto do ano passado e que embasam o Redenção apontam para um nível significativo de infecção por doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) entre os que vivem na Cracolândia.

Segundo o levantamento, 21,5% dos frequentadores da área têm sífilis, 12,4% têm tuberculose, 6,5%, hepatite C e 5,7%, HIV. Mais de um terço (35%) vive nas ruas há mais de 5 anos e 12,37% têm entre 2 e 5 anos que está nessa situação.

A prefeitura pretende ainda encaminhar de volta para as regiões de origem aqueles que não são residentes originários da capital.

A pesquisa indica que 36,45% vieram de outros estados e 19,63% do interior de São Paulo. Há ainda 1,87% de estrangeiros.

Para os que forem inseridos no programa, a intenção da prefeitura é oferecer moradias fora da região da Cracolândia.

Atualmente, o De Braços Abertos, programa da gestão anterior, oferece vagas em hotéis que ficam na área.

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