Brasil

MPF se posiciona contra demarcação de terras indígenas na Agricultura

Órgão disse que a medida provisória coloca em conflito os interesses dos indígenas com a política agrícola da União

MPF se posicionou contra a medida provisória que transfere competências de terras indígenas para Ministério da Agricultura (Adriano Machado/Reuters)

MPF se posicionou contra a medida provisória que transfere competências de terras indígenas para Ministério da Agricultura (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 7 de março de 2019 às 13h27.

Brasília - Um órgão do Ministério Público Federal (MPF) responsável por acompanhar questões indígenas emitiu uma nota técnica em que se posiciona contra a Medida Provisória 870 e por dois decretos, editados pelo governo JairBolsonaro, que transferem da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura a competência para se realizar estudos referentes à demarcação de terras indígenas.

Na nota técnica, a Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF argumenta que as normas afrontam o estatuto constitucional indígena e viola o direito dos povos originários à consulta prévia, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O órgão disse que, ao transferir a demarcação de terras para o Ministério da Agricultura, a medida provisória coloca em conflito os interesses dos indígenas com a política agrícola da União.

O colegiado do MPF defende que essa demarcação de terras volte ao Ministério da Justiça, pasta que era tida como um mediador isento no caso de conflitos de interesses.

A manifestação da Câmara do MPF será encaminhada ao Congresso Nacional, que analisa a medida provisória, a ministros do governo Bolsonaro e à procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A chefe do Ministério Público deve se manifestar numa ação já movida pelo PSB que tenta anular os efeitos da MP e de um dos decretos editado pelo governo disciplinando as mudanças.

"A MP nº. 870/2019, ao retirar da Funai a competência para realizar os estudos para demarcação de terras indígenas, transferindo a matéria para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, inviabilizou a promoção de uma política ambiental que respeite a convergência entre o usufruto exclusivo das terras indígenas e a preservação do meio ambiente nesses territórios, o que implica retrocesso repudiado pelo sistema da Constituição, como já afirmou o STF na ADI nº. 4717", argumenta a nota técnica do MPF.

Acompanhe tudo sobre:IndígenasMinistério Público

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP