MPF pede fiscalização de aumentos na conta de luz no Pará
O MPF disse que tomou a iniciativa após receber um grande número de denúncias de aumentos elevados e súbitos nas contas de luz
Agência Brasil
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 21h43.
Última atualização em 13 de setembro de 2017 às 16h56.
Após receber uma série de denúncias, o Ministério Público Federal (MPF) enviou recomendação à Agência Nacional de Energia Elétrica ( Aneel ) para que fiscalize os serviços de energia elétrica fornecidos pela empresa Centrais Elétricas do Pará (Celpa) .
Na recomendação proferida na última sexta-feira (8) e divulgada hoje (12), o MPF disse que tomou a iniciativa após receber um grande número de denúncias de aumentos elevados e súbitos nas contas de luz.
No pedido, o MPF diz que a Aneel registrou, nos últimos 12 meses, 3.374 reclamações relativas à matéria, "mas que, após ouvir a concessionária, acatou as razões expostas por ela para justificar o aumento de reclamações, o que confirmou que tem havido um grande aumento na quantidade de reclamações apresentadas por consumidores em decorrência do referido motivo".
O MPF relata ainda que o Ministério Público Estadual do Pará e a Defensoria Pública do Estado receberam nos últimos 12 meses mais de duas mil reclamações sobre aumentos indevidos na conta de luz, a maioria por variação de consumo e erro de leitura.
O número de reclamações coloca o Pará como um dos estados que mais registrou protestos de consumidores relativos à prestação do serviço.
O estado aparece em penúltimo lugar no ranking da Aneel que mede a satisfação dos clientes das concessionárias.
Interrupção de convênio
Segundo o MPF, não há fiscalização direta dos serviços da concessionária no Pará desde março de 2016, quando a Aneel interrompeu, após 17 anos, um convênio com a agência estadual de fiscalização, a Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon).
De acordo com o MPF, com a interrupção do convênio, que garantia a fiscalização dos serviços da concessionária de energia, também foi suspenso o repasse para a Arcon dos valores pagos pelos consumidores a título de taxa de fiscalização dos serviços de energia.
O valor, embutido na tarifa em cada conta de luz, é repassado à Aneel e "desde que a fiscalização foi paralisada os consumidores paraenses já foram responsáveis pela arrecadação de R$ 12,5 milhões", diz o MPF.
Na recomendação, a Arcon diz que a suspensão ocorreu em razão de problemas orçamentários da Aneel. Já a agência disse que "não pode manter o convênio porque a direção da Arcon passou a ser passível de livre exoneração pelo governo estadual, o que violaria um regulamento interno do setor elétrico."
Na recomendação, o MPF pede que a "Aneel restabeleça o convênio ou então passe a executar a fiscalização por conta própria, sob pena de incorrer em ilegalidades." O MPF deu prazo de 30 dias para a manifestação da Aneel.
A Aneel informou à Agência Brasil que está analisando a recomendação do MPF e que responderá até o final do prazo solicitado.
A assessoria da agência disse ainda que a Aneel faz periodicamente fiscalizações nas geradoras, distribuidoras e transmissoras de todo o país.
De acordo com a Aneel, além das multas, a Celpa pagou, em 2017, R$ 8 milhões em descontos nas contas de luz para os consumidores paraenses, em função do descumprimento dos limites de duração e frequência de interrupções definidos pela agência.
A Agência Brasil entrou em contato com a Celpa, mas até a publicação desta reportagem, não recebeu resposta da concessionária.
Resposta da Celpa a EXAME
" A Celpa informa que cumpre rigorosamente a legislação do setor elétrico e que está à disposição dos órgãos instituídos à Defesa do Consumidor para prestar quaisquer esclarecimentos necessários.
Informa ainda, que o número de reclamações representa apenas 0,005% do número total de seus clientes. A Celpa tem compromisso com a qualidade de seu atendimento, por isso realiza diversas ações para diminuir essas demandas, como, por exemplo, a participação em conciliações e realizando negociações, a fim de explicar aos clientes, de forma transparente, a motivação das cobranças.
A Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica, citada no release e na recomendação do Ministério Público Federal (MPF – PA), é instituída por Lei e tem o objetivo de custear o funcionamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e representa 0,4% do benefício econômico anual dos agentes, sendo ela arrecadada mensalmente através da conta de luz. Portanto, não é uma taxa que custeia apenas as atividades de fiscalização, mas sim, todo o funcionamento da Agência."