Petrobras: MPF pede que o ex-diretor da Petrobras seja condenado por dois crimes de corrupção passiva e por 64 casos de lavagem de dinheiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2015 às 18h02.
São Paulo - O Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta quinta-feira a condenação do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e de outras três pessoas, entre elas o empresário Julio Camargo, que acusa o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de pedir propina, no processo que investiga irregularidades na contratação de navios-sonda pela estatal.
O MPF pede que o ex-diretor da Petrobras seja condenado por dois crimes de corrupção passiva e por 64 casos de lavagem de dinheiro, mesma punição pedida pelos promotores a Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, o que o partido nega.
Já para Camargo, o Ministério Público pede condenações por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. O MP pediu, ainda, a condenação do doleiro Alberto Youssef por lavagem de dinheiro.
Tanto Youssef quanto Camargo fizeram acordos de delação premiada com a Justiça em troca de redução de suas penas.
Em depoimento ao juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sergio Moro, no mesmo processo em que agora tem a condenação pedida, Camargo acusa Cunha de lhe pedir pessoalmente o pagamento de 5 milhões de dólares em propina durante um encontro que, segundo o delator, eles tiveram no Rio de Janeiro com a presença de Fernando Baiano.
Cunha negou as acusações e desafiou o delator a prová-las. Após o episódio, o presidente da Câmara também decidiu romper com o governo da presidente Dilma Rousseff por entender que o depoimento do delator e uma "devassa fiscal", como chamou, realizado pela Receita Federal contra ele são uma ação orquestrada pelo Planalto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para constrangê-lo.
A defesa de Cunha também entrou com uma reclamação contra Moro no Supremo Tribunal Federal por entender que o magistrado feriu o direito que o parlamentar tem de ser julgado apenas pelo STF.
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, deu um prazo de dez dias para Moro dar explicações sobre o caso e determinou ainda que o magistrado não pode dar uma sentença para o caso até que sejam dadas as explicações pedidas por ele.