MP envia proposta à Universal para regularizar templo
Acordo acontece um mês e meio depois da inauguração do Templo, espaço religioso que conta com 100 mil metros quadrados de área construída
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 21h53.
São Paulo - O Ministério Público Estadual enviou a minuta de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à Igreja Universal para regularização do Templo de Salomão, erguido no Brás, centro de São Paulo.
A proposta conduzida em sigilo estabelece um conjunto de contrapartidas sociais para a cidade. A Igreja tem 90 dias para responder às exigências do MP.
O acordo sugerido pela Promotoria de Habitação e Urbanismo acontece um mês e meio depois da inauguração do Templo, espaço religioso que conta com 100 mil metros quadrados de área construída.
Na semana passada, a Secretaria de Licenciamento da Prefeitura havia proposto a construção de cerca de 3,5 mil moradias populares pela Universal visando regularizar o local; não se sabe se essa proposta está na minuta enviada pelo MP à Igreja.
À reportagem, o promotor Maurício Ribeiro Lopes, responsável pelo assunto no MP, evitou detalhar o conteúdo da proposta. "O conteúdo está em sigilo para não se ter especulação, porque envolve obrigações que são complexas", disse.
Questionado se a proposta das moradias apresentadas pela administração municipal estava inclusiva na minuta, Lopes respondeu: "a proposta contém muito daquilo que foi apresentado pela Prefeitura."
A tentativa de acordo do MP com a Universal busca sanar supostas irregularidades na construção do Templo. A promotoria apura a validade do alvará de construção e funcionamento do local, erguido no que seria uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis).
Por isso, a área deveria ser reservada à construção de moradias populares, o que não ocorreu.
Em três meses, a Igreja deverá apresentar seu posicionamento sobre as exigências do Ministério Público, que inclui projetos e consultas a órgãos públicos.
A Universal disse que "manifestar-se-á no momento oportuno sobre a proposta do Ministério Público de São Paulo". O promotor Lopes antecipou que "se não tiver acordo, vai ter processo."
Pelas regras do Plano Diretor em vigor durante toda a obra, a igreja deveria construir conjuntos de habitação social para ao menos 400 famílias, se quisesse obter autorização para atuar em área de Zeis.
A condição, no entanto, não foi cumprida e, mesmo sem erguer nem sequer uma moradia, a obra do Templo de Salomão foi autorizada em 22 de outubro de 2008. O MP investiga se houve irregularidade na emissão das licenças e na construção.