Tragédia "desarranja" eleições, diz imprensa internacional
Jornais e sites internacionais comentam sobre a morte do candidato à Presidência da República Eduardo Campos, que morreu hoje em um acidente aéreo
Governador Eduardo Campos: seu diagnóstico da economia brasileira se parece com o do meio empresarial (Lia Lubambo/EXAME.com)
Victor Caputo
Publicado em 13 de agosto de 2014 às 16h42.
São Paulo - A morte de Eduardo Campos foi assunto na imprensa internacional. Jornais e sites do mundo todo comentaram a tragédia e a trajetória política do político do PSB (Partido Socialista Brasileiro) que concorria à Presidência da República nas próximas eleições.
O jornal britânico Financial Times deu destaque para a morte do político brasileiro em sua página inicial. O veículo afirma que a morte de Campos muda drasticamente a campanha eleitoral pela presidência do Brasil.
O americano The New York Times, chamou a notícia com o título “Cadidato à presidência do Brasil morre em acidente de avião”. O texto ressalta o comunicado da presidente Dilma Rousseff, assim como de outros políticos brasileiros.
O também britânico The Guardian afirma que a morte de Campos deixa as eleições em “desarranjo”. O jornal já cogita a possibilidade de Marina Silva entrar para a briga como candidata à presidência do Brasil. O Guardian traz um panorama da carreira política de Campos e relembra o histórico da família Arraes.
(Reprodução de EXAME.com)
O jornal argentino Clarin também chama a morte de Eduardo Campos em sua página inicial. Outro argentino, o La Nacion, relembra que ele estava na briga pela presidência do Brasil com a ambientalista Marina Silva como vice-presidente.
O site do jornal espanhol El País chama a notícia com o título “Morre em um acidente de avião o candidato brasileiro Eduardo Campos”. O jornal afirma que as primeiras investigações apontam o mau tempo como causa da queda do avião que levava Campos.
A americana CNN trata Eduardo Campos como um dos “sérios candidatos” à presidência do Brasil. A CNN também afirma que a aeronave não tinha problemas e estava com a manutenção em dia.
São Paulo - Eduardo Campos nasceu em uma das famílias mais influentes do Brasil. E faleceu buscando o compromisso maior com a vida política: a presidência do Brasil. O candidato morreu nesta quarta-feira aos 49 anos. Ele estava no jatinho que caiu nesta manhã em Santos. Veja nas fotos a seguir os principais momentos de sua vida.
Eduardo Henrique Accioly Campos nasceu em Recife, Pernambuco, em 10 de agosto de 1965. Filho do escritor Maximiano Campos e da atual ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes e neto de Miguel Arraes, Campos nasceu em uma família de políticos. Em 1990, começou sua carreira política oficialmente ao ser eleito deputado estadual pelo PSB.
Em 1986, envolveu-se na campanha para governador do avô, Miguel Arraes. Miguel Arraes foi um importante político brasileiro, tendo sido deputado estadual e governador do estado do Pernambuco três vezes. Arraes passou 15 anos exilado por conta da ditadura. Em 1994, Campos integrou o governo de Arraes, onde ocupou o cargo de secretário da Fazenda de Pernambuco entre 1995 e 1998.
Após três mandatos como deputado federal, Campos assumiu, no início do governo Lula, de 2003 a 2005, o cargo de Ministro da Ciência e Tecnologia. No mesmo ano, assume a presidência nacional do PSB.
Em 2006, foi eleito governador de Pernambuco com mais de 60% dos votos válidos. Em 2010, foi reeleito com a maior porcentagem dos votos válidos de todo o Brasil: 83%.
Em 2009, Campos integrou a campanha da eleição de Dilma Rousseff. Em 2010, chegou a afirmar que apoiaria a presidente em 2014, mas, desde 2013, vinha dando sinais de rompimento com o rumo político que o governo tomava.
Em abril deste ano, Eduardo Campos deixou o cargo de governador do Pernambuco para concorrer à Presidência do Brasil pelo PSB, ao lado de Marina Silva. Campos e Marina estavam em 3º lugar na corrida eleitoral para a presidência da República. O futuro da campanha ainda é incerto.
Ariano Suassuna era um dos maiores apoiadores de Campos. O escritor chegou a dizer que o candidato foi "o político mais brilhante que já conheci", em entrevista ao site de VEJA.
Ana Arraes, mãe de Eduardo Campos, também seguia a veia política da família. Membro do PSB desde 1990, foi eleita Deputada Federal em 2006. Em 2010, foi reeleita, mas deixou o cargo em 2011 para ocupar a cadeira de Ministra do Tribunal de Contas da União.
Eduardo Campos deixa a esposa, Renata Campos, e cinco filhos. O mais novo integrante da família, Miguel, nasceu em janeiro deste ano. Triste coincidência, ele morreu no mesmo dia que o avô, de quem herdou a veia política: 13 de agosto de 2005.
Os números divulgados pela pesquisa também mostram que cerca de 63% da população afirma ter conhecimento sobre os casos de violência policial em São Paulo