Brasil

Morte de coronel é crime abominável, diz membro da CNV

Em depoimento à Comissão, Paulo Malhães havia confirmado o envio de torturadores ao país logo depois do golpe de 1973 que levou Augusto Pinochet ao poder

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2014 às 16h40.

Santiago - O assassinato do coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi classificado como um crime abominável e um alerta para a sociedade brasileira pelo cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, um dos membros da Comissão Nacional da Verdade.

"Antes de qualquer investigação não podemos fazer qualquer afirmação sobre a autoria, mas se efetivamente se trata de uma retaliação pelo seu depoimento à Comissão da Verdade, é evidente que isso é um sinal de alerta para a sociedade de que ainda existem grupos no Brasil que recorrem à violência", afirmou.

Paulo Sérgio, acompanhado de pesquisadores da CNV, está no Chile para iniciar a apuração sobre a colaboração entre as ditaduras militares brasileiras e chilenas.

Em depoimento à Comissão, Malhães havia confirmado o envio de torturadores ao país logo depois do golpe de 1973 que levou Augusto Pinochet ao poder.

O cientista político destacou a necessidade de proteção a quem depõe à Comissão, não apenas as vítimas, mas para quem testemunhar sobre os crimes cometidos pelo governo militar.

"É absolutamente preocupante e a CNV vai refletir sobre isso", disse. No entanto, o professor não acredita que o assassinato de Malhães vá influenciar o trabalho da comissão ou afastar outras testemunhas. "A Comissão vai continuar trabalhando e quem tiver que testemunhar vai testemunhar", afirmou.

O coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira, 25, no sítio em que morava em Nova Iguaçu (cidade na Baixada Fluminense). 


O corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil.

De acordo com o relato da viúva do coronel, Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite desta quinta-feira, 24, (24) procurando armas.

O coronel seria colecionador de armamentos, disse a mulher aos policiais da Divisão de Homicídios da Baixada que estiveram na propriedade.

Cristina disse que ela e o caseiro foram amarrados e trancados em um cômodo, das 13 horas às 22 horas desta quinta-feira pelos invasores.

Em seu blog, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, afirmou que Malhães foi assassinado e, no mesmo texto, lembrou a morte de outro coronel, também ex-agente da ditadura, Júlio Miguel Molina Dias, ocorrida em 2012.

Ustra comandou o DOI-CODI, em São Paulo, entre 1970 e 1974. No fim de março, durante atos que lembraram os 50 anos do golpe militar, Ustra foi alvo de manifestações de grupos de direitos humanos que pedem a punição de ex-agentes da ditadura.

Acompanhe tudo sobre:Crimecrime-no-brasilDitaduraMortes

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP