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Mortalidade de crianças na Sé é 21 vezes maior que em Perdizes

Dado faz parte do Mapa da Desigualdade na Primeira Infância, divulgado pela Rede Nossa São Paulo

Em 2016, 21 crianças de até um ano morreram na Sé contra uma em Perdizes (studiojh/Thinkstock)

Em 2016, 21 crianças de até um ano morreram na Sé contra uma em Perdizes (studiojh/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de dezembro de 2017 às 12h27.

São Paulo - Crianças que moram na Sé, região central de São Paulo, têm quase 21 vezes mais chances de morrer antes de completar um ano do que as residentes de Perdizes, área nobre na zona oeste da capital.

O dado é do Mapa da Desigualdade na Primeira Infância, divulgado pela Rede Nossa São Paulo nesta terça-feira, 5.

Em 2016, 21 crianças de até um ano morreram na Sé contra uma em Perdizes. Segundo o cálculo do Mapa, portanto, a mortalidade infantil de bebês de até um ano no distrito da região central é 20,97 vezes maior na comparação com o bairro nobre.

O distrito de Artur Alvim, na zona leste da capital, é o segundo pior no índice: uma criança que reside na região tem 18 vezes mais chances de morrer antes de completar um ano. Marsilac, no extremo sul da cidade, é a terceira pior: 16,9 vezes.

Também na região central se localiza o pior distrito no índice que considera óbitos infantis de até 5 anos. No Pari, a cada mil crianças, 27 crianças morreram em 2016.

Por outro lado, em Perdizes, uma faleceu antes de completar cinco anos. Isso significa que as chances de uma menina ou um menino superarem os cinco anos de idade é 17 vezes maior no bairro nobre do que no distrito central do Pari.

O Mapa da Desigualdade da Primeira Infância utiliza indicadores municipais que identificam a qualidade de serviços públicos nos 96 distritos da capital paulista. Os indicadores contemplam áreas como educação, saúde, assistência social, meio ambiente, entre outros.

Coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão destaca que quase a metade das 1,5 milhão de crianças de São Paulo vivem nos 26 piores distritos da cidade.

"Essas crianças, nossa riqueza, não estão sendo atendidas ou cuidadas da maneira como idealizaríamos e gostaríamos, com o olhar que seria necessário para dar desenvolvimento físico e emocional para essas crianças. O Mapa acaba mostrando dados que corroboram com esse olhar", diz.

Abrahão destaca ainda que, segundo o Mapa,há bairros com 50% das residências sem um banheiro e que 32% das crianças de até cinco anos em Marsilac, no extremo sul da capital, moram em casas com renda per capita menor do que um salário mínimo. "As condições são precárias. O Mapa nos traz esse olhar", diz.

O coordenador-geral da Rede Nossa afirma que a Prefeitura tem papel importante no sentido de priorizar investimentos, a Câmara Municipal deve dirigir o orçamento público e o Judiciário cobrar a implementação das políticas para as áreas que afetam a infância em São Paulo.

Creche

A desigualdade também se destaca em serviços ligados à educação. Uma criança que mora na Vila Andrade, na região sul da cidade, espera mais de um ano por uma vaga em creche: 441 diasem média.

Já uma menina ou menino residente de Guaianases, na zona leste, pode ser incorporado à rede municipal de ensino em cerca de 25 dias. O "desigualtômetro", medidor utilizado no Mapa, é de 17 vezes entre os distritos das duas regiões da cidade.

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