Paulo Henrique Amorim morre de infarto no Rio de Janeiro aos 76 anos
Jornalista passou pela Manchete, Globo, Bandeirantes e TV Cultura e estava desde 2003 na Record, tendo sido afastado em junho
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2019 às 08h44.
Última atualização em 10 de julho de 2019 às 13h46.
São Paulo — O jornalista Paulo Henrique Amorim morreu aos 76 anos na manhã desta quarta-feira (10).
Ele estava em sua casa, no Rio de Janeiro, quando sofreu um infarto, de acordo com a sua esposa, Geórgia Pinheiro. Ele havia acabado de retornar de um jantar com amigos.
A morte foi confirmada ao vivo pela TV Record, onde o apresentador havia trabalhado nos últimos anos de sua carreira. A apresentadora Ana Hickmann, que foi apadrinhada por Amorim na televisão, falou sobre a perda do amigo.
Amorim havia sido afastado da Record em junho. O jornalista era crítico ferrenho do governo Bolsonaro, apoiado pela direção da emissora, e havia feito uma postagem recente atacando o ministro da Justiça, Sergio Moro. A emissora nega que o afastamento tenha tido motivação política.
Perfil
Paulo Henrique Amorimnasceu em 1943, no Rio de Janeiro. Construiu uma carreira que vai do jornalismo impresso ao televisivo. Atuou como correspondente internacional em Nova Iorque nas revistas Realidade e Veja. Na televisão, passou pela extinta Manchete, pela Globo, Bandeirantes e TV Cultura.
Formado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, seu primeiro trabalho como jornalista foi no jornal A Noite, no Rio, quando participou da cobertura da renúncia de Jânio Quadros e da resistência de Leonel Brizola, como radioescuta e repórter, em 1961.
Depois, foi repórter das revistas Manchete e Fatos & Fatos, da Bloch Editores, e da sucursal da Editora Abril no Rio. Fez parte ainda da equipe da célebre revista Realidade, entre 1967 e 1969. Ainda em 1968, tornou-se o primeiro correspondente da revista Veja,em Nova York, onde assumiria tempos depois a editoria de Economia, além de ganhar um prêmio Esso de reportagem econômica. Entre 1974 e 1976 foi editor-chefe da revista Exame, e ali lançou a “Melhores e Maiores”. Em seguida, trabalhou como editor de economia, redator-chefe e editor-chefe do Jornal do Brasil e ali permaneceu até 1984.
Em 1985, fez sua estreia na TV, como editor-executivo do departamento de Jornalismo da Rede Manchete, mas no mesmo ano mudou novamente e seguiu para a TV Globo, como editor de economia, repórter e apresentador de programas econômicos. Em 1990, tornou-se chefe do escritório e correspondente da mesma emissora em Nova York.
Foi ainda colaborador do programa World Report da Rede CNN no início dos anos 1990.
Depois, passou pela Band e TV Cultura, até que migrou para a internet, trabalhando no Terra, UOL e IG. Atualmente,mantinha o site de notícias e vídeos Conversa Afiada.
Contratado pela Record em 2003, ele assumiu na ocasião a apresentação da edição noturna do Jornal da Record. Posteriormente foi deslocado para o programa Domingo Espetacular.
Paulo Henrique Amorim é ainda autor dos livros “De olho no dinheiro” (1987), “Plim-Plim, A Peleja de Brizola (2005), “A Mídia nas Eleições de 2006”, (2006). A notícia de sua morte repercutiu no meio profissional e político.
"Os jornalistas brasileiros acordaram hoje com uma triste notícia: a morte por infarto do jornalista Paulo Henrique Amorim. É uma perda para o jornalismo. Além de atuar na Record, ele também atuava no jornalismo independente com seu site Conversa Afiada e estava fazendo um trabalho interessante porque suscitava o debate e a crítica. Vai fazer falta", lamentou Maria José Braga, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas.
Nas redes sociais, políticos e colegas de profissão também prestam homenagem. O jornalista e escritor Mário Magalhães escreveu em seu perfil que Paulo Henrique Amorim foi um jornalista corajoso e compartilhou um de seus discursos. "Reverencio sua memória com um vídeo dele, de dezembro de 2017, em defesa da liberdade de expressão".
Amigos, políticos e colegas de profissão também lamentaram a morte do jornalista pelas redes sociais.
Nota de Pesar
A Record divulgou mais cedo uma nota de pesar identificando Paulo Henrique Amorim como "um dos mais talentosos jornalistas de sua geração" e explica como surgiu o bordão que consagrou o jornalista. Leia a seguir:
"Um dos mais talentosos jornalistas de sua geração, Paulo Henrique Amorim faleceu na madrugada desta quarta-feira (10/07), aos 76 anos, deixando um grande legado para a história da imprensa nacional.
Uma parte desta história foi escrita na Record TV, onde trabalhou desde 2003 e imprimiu sua marca em quatro programas. A estreia foi na apresentação do “Jornal da Record – 2ª edição”, onde também trouxe o quadro “Conversa Afiada”, que, na época, comentava os assuntos de política e economia. O telejornal mudou de nome e passou a se chamar “Edição de Notícias”. No ano seguinte,foi criador da revista eletrônica vespertina “Tudo a Ver”, que revelou para a televisão as apresentadoras Ana Hickmann e Chris Flores. Participou do primeiro time de apresentadores da Record News no programa “Entrevista Record News – Entretenimento”. De 2006 até este ano, apresentou o “Domingo Espetacular”.
PHA, como era chamado nos bastidores da TV,ficou famoso pelo seu bordão “Boa noite, Boa sorte!”, que admitia ter trazido de um apresentador da televisão americana da CBS chamado Edward Murrow, que dizia as tais palavras. Em entrevista ao portal R7, em 2015, comentou sobre sua paixão pela profissão: “Eu nasci jornalista e vou morrer jornalista. Vou morrer diante das teclas do computador”.
Paulo Henrique deixa esposa, uma filha e dois netos.
A Record TV lamenta profundamente o falecimento de Paulo Henrique Amorim e se solidariza com os amigos, familiares e admiradores. A todos, nossas sinceras condolências".
*Atualizado às 13h30 com a correção da idade de falecimento