Exame Logo

Moro rejeita pedido de Lula para coletar documentos da Petrobras

O magistrado da Lava Jato autorizou, no entanto, que o petista "consulte todos esses documentos requeridos junto à própria Petrobras"

Lula: para Moro, os papeis pedidos pelos advogados do petista "são de muito duvidosa relevância ou pertinência para o objeto da ação penal" (Fernando Donasci/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de abril de 2017 às 15h51.

São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro decidiu que não vai requisitar à Petrobras a liberação de "dezenas, centenas ou milhares de documentos" solicitados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No entanto, o magistrado autorizou que o petista "consulte todos esses documentos requeridos junto à própria Petrobras, na sede da empresa ou aonde eles estiverem arquivados".

Veja também

Para Moro, os papeis pedidos pelos advogados do petista "são de muito duvidosa relevância ou pertinência para o objeto da ação penal".

"A ampla defesa não vai ao extremo de exigir a produção de dezenas, centenas ou milhares de documentos da parte adversa sem que tenham pertinência ou relevância para o processo", afirmou Moro.

O petista é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de cartel e propinas na Petrobras. A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que ele recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. A defesa de Lula nega taxativamente.

As acusações contra o ex-presidente são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio de um tríplex no Guarujá (SP), litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantidos pela Granero de 2011 a 2016.

De acordo com o juiz da Lava Jato, a defesa de Lula quer documentos como "cópia das eventuais operações de seguro ou de resseguros dos contratos de construção narrados na inicial (denúncia) ou listagem de todos os valores mobiliários, inclusive, mas sem limitação, ações, ADR, debêntures e dívidas, de emissão a Petrobras, suas subsidiárias e coligadas, no Brasil e no exterior emitidos desde janeiro de 2003".

"Aparentemente, pretende a defesa demonstrar que as entidades de seguro ou resseguro não teriam detectado corrupção nos contratos da Petrobras, tampouco a Comissão de Valores Imobiliários ou Securities Exchange Comission. Ora, se não há notícia de que tais entidades detectaram no passado crimes de corrupção, é o que se pode desde logo afirmar, sem a necessidade de requisitar cópias de milhares de documentos para isso", anotou o magistrado.

"Não havendo prova nos autos de que tais entidades tenham detectado tais crimes, é o que se terá presente no julgamento, ou seja, que tais entidades não detectaram, no passado, os crimes de corrupção narrados na denúncia. Isso não quer dizer necessariamente que os crimes não ocorreram, já que executados, segundo a denúncia, em segredo", escreveu Moro.

Na mesma decisão, o juiz autorizou "apenas por liberalidade" que a defesa de Lula "consulte todos esses documentos requeridos junto à própria Petrobras, na sede da empresa ou aonde eles estiverem arquivados, extraindo cópia por sua própria conta e custo".

"Fica determinado à Petrobras, na pessoa de seus advogados, que comuniquem à empresa estatal a presente determinação e que ela deverá disponibilizar, em sua própria sede ou no local onde se encontrem armazenados, a referida documentação", observou Moro.

"A própria defesa de Luiz Inácio Lula da Silva é quem deve realizar o contato com a Petrobras, o que deve ser feito por intermédio dos advogados ou de pessoa por eles indicada", finalizou.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoPetrobrasSergio Moro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame