Exame Logo

Moradores do Rio denunciam excessos cometidos pelo Exército

Uma das comunidades onde os militares fizeram revista reclamaram que foram obrigados a entregar celulares a militares para vasculha

Rio de Janeiro: o Comando Conjunto das Operações no Rio informou que a averiguação de celulares não é um procedimento padrão (Mario Tama/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de março de 2018 às 09h35.

Rio - Moradores de uma favela do Rio de Janeiro denunciaram à Defensoria Pública que foram obrigados a entregar celulares a militares para que vasculhassem suas fotos e contatos. Já na comunidade de Acari, na zona norte carioca, moradores dizem que policiais militares estão fotografando indiscriminadamente seus documentos de identidade para checar antecedentes criminais, o que a Defensoria considera ilegal.

A Defensoria não informou em qual favela teria ocorrido a varredura de telefones. "Os militares não podem fazer uma varredura assim, sem que haja consentimento do morador ou um mandado", disse Fabio Amado, coordenador de Direitos Humanos da Defensoria.

Veja também

O Comando Conjunto das Operações no Rio informou que a averiguação de celulares não é um procedimento padrão para checagem de mandados de prisão em aberto e que vai averiguar as denúncias.

Já o relato da abordagem em Acari foi feito publicamente nesta terça-feira, 6, na primeira reunião do Observatório da Intervenção, e também ratificado à Defensoria. O grupo é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Candido Mendes, e é formado por entidades da sociedade que monitoram a ação federal.

Na semana retrasada, militares também fotografaram documentos de identidade de moradores na Vila Kennedy, na zona oeste. A ação causou polêmica.

Indignação

Segundo a estudante Buba Aguiar, do Coletivo Fala Akari, policiais vêm abordando indiscriminadamente moradores e requerendo RGs. "Eles falam que 'é o procedimento'", conta. "A polícia pode 'sarquear' (averiguar antecedentes criminais) num equipamento que tem na viatura. Se esse sistema está falhando, a população não tem nada com isso." A reportagem questionou a Secretaria de Segurança sobre a denúncia, mas não teve resposta.

Os moradores dizem se sentir humilhados. "Quem vai à padaria e está sem documento é 'esculachado'. Não há lei que diga que a pessoa tem de estar com a identidade 24 horas por dia. Só que se você é pobre e mora na favela, já é suspeito. Se é preto, é tachado. Em bairros nobres não fazem isso", critica Buba. As tropas ainda não foram à comunidade de Acari.

Segundo a Defensoria, a lei impõe limites à identificação criminal do cidadão - por exemplo, quando o documento civil está rasurado -, e fotografar os documentos sem critério nas ruas configura constrangimento. O órgão está acompanhando as ações para coibir excessos e se colocou à disposição da população para que os direitos individuais sejam resguardados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:ExércitoMinistério da Segurança PúblicaRio de JaneiroViolência policial

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame