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Moradores de Bento Rodrigues aprovam novo local do distrito

Segundo a prefeitura de Mariana, é provável que, ainda este semestre, as fundações já estejam preparadas para as obras


	Bento Rodrigues: a Samarco deverá desembolsar aproximadamente R$ 20 bilhões para recuperar toda a bacia do Rio Doce em 15 anos
 (Douglas Magno / AFP)

Bento Rodrigues: a Samarco deverá desembolsar aproximadamente R$ 20 bilhões para recuperar toda a bacia do Rio Doce em 15 anos (Douglas Magno / AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de março de 2016 às 11h45.

Os antigos moradores de Bento Rodrigues – distrito de Mariana (MG) destruído pelos rejeitos da barragem da Samarco que se rompeu em novembro do ano passado – aprovaram o local onde será reerguida a comunidade.

Segundo a prefeitura de Mariana, é provável que, ainda este semestre, as fundações já estejam preparadas para as obras.

O terreno pertence à siderúrgica Arcelor Mittal, que confirmou em nota estar com negociação avançada com a Samarco para a venda do terreno.

A reconstrução do distrito será paga integralmente pela mineradora e consta no acordo assinado com o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo.

A Samarco deverá desembolsar aproximadamente R$ 20 bilhões para recuperar toda a bacia do Rio Doce em 15 anos.

O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, acredita que o negócio irá se concretizar sem problemas. Ainda assim, ele já anuncia um segundo plano.

"Se as duas empresas não chegarem a um acordo, vamos desapropriar a área, indenizar a Arcelor Mittal e depois cobrar a restituição da Samarco."

O empresário Sérgio Raimundo Sobreira, cuja família é toda de Bento Rodrigues, viu sua casa ser engolida pela lama.

Sua mãe e seu irmão perderam, além da residência, um armazém onde vendiam mantimentos e bebidas.

Ele diz que o local escolhido para a reconstrução teve o aval dos atingidos. "Vai ser tudo como era antes, só que novinho", conta.

A nova Bento Rodrigues terá edificações sustentáveis. "Nós queremos que o distrito se torne um exemplo para o mundo. Já chegamos a um acordo com a Samarco. Serão instaladas em todas as edificações placas para geração de energia solar e estrutura para armazenamento de água da chuva", garante o prefeito Duarte Júnior.

Ele também informou que, como medida compensatória, haverá tratamento de toda a rede de esgoto de Mariana.

"Aí sim estaremos fazendo um bem para natureza, porque é contraditório dizermos que a Samarco matou o Rio Doce, se, com o passar do tempo, fizermos o mesmo", completou.

Quem também deve conhecer em breve o local onde serão instaladas suas futuras casas são os moradores de Paracatu, outro distrito de Mariana que também foi destruído pela lama de rejeitos. Eles querem um local mais alto em relação ao antigo distrito.

O prefeito diz que ainda estão sendo avaliadas algumas possibilidades, mas acredita que a demanda será atendida da forma como desejam os atingidos.

Fundação

Segundo o acordo firmado entre a Samarco e os governos, serão investidos R$ 4,4 bilhões nos primeiros três anos e, ao longo de 15 anos, o montante final deverá chegar a R$ 20 bilhões.

Para gerir os trabalhos, será estruturada uma fundação com sede em Belo Horizonte e dirigida por gestores indicados pela mineradora.

Esta fundação será supervisionada por um Comitê Interfederativo, composto por indicados do governo federal, dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, de duas prefeituras de cidades mineiras e de uma prefeitura de município capixaba.

Os representantes municipais já foram definidos. Serão Duarte Júnior, prefeito de Mariana (MG); Elisa Maria Costa, prefeita de Governador Valadares (MG), e Leonardo Deptulski, prefeito de Colatina (ES).

O prefeito de Mariana acredita que o montante de R$ 20 bilhões, se for aplicado de maneira correta, atende perfeitamente a todos os municípios atingidos e também permite a recuperação do meio ambiente.

Entretanto, apesar de concordar com a base do acordo, defende ajustes.

Ele reiterou que pedirá na Justiça que Mariana possa recuperar receitas perdidas usando parte destes R$ 20 bilhões.

"Com a tragédia, perdemos R$ 5 milhões por mês em arrecadação. E isso vai trazer impactos profundos nos serviços essenciais da cidade, como saúde e educação. Não terei como fugir de um ajuste fiscal profundo. Se é um acordo, significa que é preciso ter consenso entre as partes. E por que ficou de fora o que é mais urgente para nós que são os serviços essenciais?", indaga.

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