O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (Reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2016 às 06h18.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h20.
O político mais odiado do país fará um pronunciamento hoje. O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, deve rebater críticas e tentar emplacar os argumentos que usará no recurso da Comissão de Constituição e Justiça, que avalia formalmente o relatório que pede sua cassação. Nos bastidores, existe grande expectativa de que Cunha possa renunciar à presidência da Casa.
Entre parlamentares, há duas correntes de pensamento. Seus aliados apregoam que a renúncia poderia salvá-lo da cassação no plenário. O crescente grupo de opositores avalia que ele perdeu o timming e que pouco adiantaria entregar a função agora. No plenário, são necessários 257 votos abertos para cassá-lo. PT, PCdoB, PTB, Rede e PSOL, que somam 101 parlamentares, devem votar por sua saída. PSDB, DEM e PPS, que somam 86 votos, provavelmente seguirão o mesmo caminho. Além deles, os partidos do famoso Centrão, antigo aliado com mais de 200 deputados, pressionam pela renúncia.
No Supremo, Cunha é réu em uma ação penal, tem outras três denúncias apresentadas e três inquéritos correndo. Sua família está na mira da Justiça e pode ser julgada pelo juiz Sérgio Moro. Na quarta-feira, o ministro Teori Zavascki deve decidir sobre o pedido de prisão da Procuradoria-Geral da República – e pode prendê-lo.
Na Câmara, a possibilidade de sua renúncia abriu uma disputa ferrenha pela sucessão. Despontam nomes como Jovair Arantes (PTB), Rogério Rosso (PSD), relator e presidente do processo de impeachment, e Espiridião Amin (PP). Ontem, Cunha voltou a negar a renúncia. Mas roteiros previsíveis certamente não são o seu forte. Quando ele tomar o microfone hoje, tudo pode acontecer.