Brasil

Michelle diz que discurso em Libras foi segredo guardado até dia da posse

Em entrevista, a primeira-dama revelou que o presidente Jair Bolsonaro foi comunicado sobre sua fala apenas duas antes da cerimônia

Michelle: ela deu sua primeira entrevista como primeira-dama neste domingo (TV Record/Reprodução)

Michelle: ela deu sua primeira entrevista como primeira-dama neste domingo (TV Record/Reprodução)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 12h29.

São Paulo — A primeira-dama Michelle Bolsonaro revelou que seu discurso em Libras (Língua Brasileira de Sinais), realizado na posse presidencial, em 1º de janeiro, era um "segredo guardado" por ela e que nem o então presidente eleito Jair Bolsonaro sabia.

Em sua primeira entrevista como primeira-dama, concedida à TV Record, neste domingo (20), Michelle disse que comunicou para seu marido sobre a fala "apenas duas horas antes da saída" do casal da Granja do Torto para a cerimônia.

"Falei para ele duas horas antes. Mas na verdade foi um comunicado. Eu disse 'olha vou discursar, mas fica tranquilo que deve ser menos de quatro minutos'", afirmou a primeira-dama.

Segundo ela, o segredo foi algo "muito natural" e desconhecido até da organização: "As pessoas falam do 'marketeiro', que acertou em cheio. Mas não teve nada disso. Foi muito natural, nem o cerimonial sabia".

Michelle contou também, que se o marido tivesse vetado sua fala, ela ficaria triste "porque tinha isso em mente", mas aceitaria. 

A primeira-dama contou que a interpretação em Libras do hino nacional, durante a cerimônia, foi uma quebra de protocolo que  ela precisou "praticamente brigar" para conseguir.

"Foi a realização de um sonho [...] mas eu praticamente briguei por esse momento. Eu tinha certeza que se Deus abençoasse meu marido eu tinha que fazer algo por eles [os surdos]. Eu queria que eles sentissem que era sincero", contou.

Em relação ao beijo no parlatório, que assim como o discurso em Libras também quebrou a tradição, Michelle disse que partiu de um pedido do presidente no momento.

"Estava concentrada e a população começou a pedir 'beija'. Eu estava fazendo o discurso em libras, mas não sou surda. E nisso escuto o meu marido pedindo um beijo. Eu virei e beijei. Quando eu volto para o discurso, eu ouço ele dizer 'beija de novo'. Eu virei e beijei", revelou.

Bandeira

Na entrevista, Michelle reforçou que sua bandeira é a dedicação aos surdos, pessoas com deficiências, síndromes e doenças raras. "Essa é minha bandeira. Essa é minha luta. E eu sei que tenho esse chamado".

Ela rebateu críticas sobre estar fazendo um trabalho "assistencialista" e também sobre a nomeação de uma amiga dela que é surda, Priscila Gaspar de Oliveira, para a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência.

"Ela tem um currículo invejável. Ela é uma surda bilíngue, tem três filhas surdas. Olha a maldade. Eu esperava assim 'a primeira surda da história a ocupar uma vaga no governo', algo que fosse abrilhantar. [...] E não foi, foi como se eu estivesse fazendo a farra das amigas. E não foi isso", disse.

Para ela, seu legado como primeira-dama é "ser sensíve" e "poder ajudar o próximo sem olhar a quem. Respeitar".

Michelle e o repórter da TV Record, Eduardo Ribeiro, encerraram a entrevista conversando em Libras. Veja a entrevista completa.

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroJair BolsonaroRede Record

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP