Brasil

Mesmo pressionada, Anac descarta atraso em leilão de aeroportos

Agência faz investida para conseguir esclarecer os questionamentos do TCU sobre o edital. Mesmo assim, o órgão poderá paralisar o leilão

Data do leilão do Aeroporto de Guarulhos (foto) está, por ora, mantida  (Divulgação)

Data do leilão do Aeroporto de Guarulhos (foto) está, por ora, mantida (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 19h55.

São Paulo - A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está sob forte pressão do governo federal para viabilizar os leilões de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília, marcados para o próximo dia 6. A confiança de que a licitação sairá é tão grande, que o órgão regulador descarta qualquer hipótese de ser obrigada a adiá-la.

Mesmo questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que está na segunda fase de análise do edital, sobre inúmeros pontos, a Anac optou por manter a data do leilão. De acordo com a agência, a licitação será realizada independentemente de o órgão ter tempo suficiente ou não para analisar todas as explicações que lhe têm sido passadas. Ainda que o TCU não conclua seu trabalho, nada impedirá a realização do certame se não houver pronunciamento do órgão.

Setor privado – A Anac afirmou também que divulgará nesta segunda-feira a ata com as respostas às 1.300 perguntas feitas pelo setor privado, pedindo detalhamento sobre o formato das propostas. Os consórcios terão, desta forma, treze dias para analisarem as explicações e formularem suas propostas. “Acreditamos que a publicação desses esclarecimentos será suficiente”, afirmou nesta sexta-feira Danielle Crema, superintendente de Regulação Econômica da Anac.

TCU – Danielle evitou ao máximo entrar no âmbito da avaliação do Tribunal, deixando claro que a agência estava fornecendo ao órgão toda a documentação pedida sobre a realização do leilão. Reconheceu, porém, que, se o TCU se pronunciar contra nos próximos dias, o evento será paralisado. “Se não houver nenhum pronunciamento do TCU, o leilão acontecerá normalmente na data prevista”, disse a superintendente. A Instrução Normativa nº 27 atribui ao órgão o poder de paralisação.

O leilão de concessão dos aeroportos tem gerado discussões desde que o TCU verificou que os investimentos necessários para as obras foram superestimados no edital. Em 7 de dezembro, após alterações feitas pela Anac, o órgão aprovou o documento, mas fez outras recomendações para a melhora do modelo de propostas. Após o lançamento do edital, em 15 de dezembro, o setor privado enviou à agência 1.300 perguntas, buscando esclarecimentos. “Os questionamentos das empresas visam, em sua maioria, obter confirmação ou detalhamento das propostas”, afirma o advogado Fábio Falkenburger, sócio do escritório Machado Meyer.

Dinâmica inédita – Caso ocorra no próximo dia 6, o leilão terá uma dinâmica inédita. Assim como nas concessões do setor elétrico, o evento ocorrerá na BM&FBovespa em um pregão eletrônico. A novidade é que os três aeroportos terão leilão simultâneo. Isso significa que os lances feitos pelos consórcios para cada um dos terminais entrarão em uma conta única. Será escolhida a combinação de ofertas que apresentar o maior valor acumulado para os três aeroportos. A estratégia maximiza a arrecadação do governo federal e praticamente inviabiliza tentativas de um concorrente de tentar adivinhar o lance dos outros.

Nesta lógica, o consórcio que apresentar o maior valor por um dado aeroporto não necessariamente ganhará a concessão. Isso porque, primeiramente, de acordo com o edital, um consórcio não poderá ganhar duas concessões ao mesmo tempo. Além disso, é possível, por exemplo, que a segunda melhor oferta de determinado ofertante seja a justamente aquela que maximiza a receita do governo quando considerado o total dos lances. Logo, essa empresa pode levar um terminal, que é o segundo de sua preferência, e não aquele pelo qual ofereceu o maior valor. “Trata-se da melhor proposta conjunta, composta por três consórcios diferentes. Desta forma, o consórcio só saberá que ganhou no final do leilão”, explica André Demarco, diretor de operações da BM&FBovespa e leiloeiro do evento.

Os nomes dos consórcios participantes serão conhecidos apenas na hora do leilão. Até o momento, a definição do comitê organizador é que as empresas que compõem cada consórcio continuarão ocultas.

Acompanhe tudo sobre:AeroportosInfraestruturaLeilõesSetor de transporteTransportes

Mais de Brasil

Acidente da Tam: maior tragédia da aviação brasileira completa 17 anos

Ministro da Defesa busca recursos para Forças Armadas, enquanto governo discute bloqueio de gastos

Governo cria sistema de emissão de carteira nacional da pessoa com TEA

Mais na Exame