Henrique Meirelles: na semana passada, o ministro já havia intensificado o corpo a corpo junto a deputados para tentar garantir a aprovação da reforma da Previdência (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 14 de março de 2017 às 14h09.
Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dá sequência à rodada de conversas com parlamentares para convencê-los da necessidade de mexer nas regras para aposentadoria, mas deve enfrentar novo foco de resistência, já que o PSB, partido com o qual irá se encontrar, vem demonstrando forte oposição à reforma apesar de compor a base aliada do governo.
A reunião com a bancada ocorrerá às 15h desta terça-feira.
"Nós somos radicalmente contra essa mudança na Constituição porque ficará vulnerável a maioria do povo brasileiro e nós não podemos concordar com uma mudança dessa natureza", afirmou a vice-líder do partido na Casa Janete Capiberibe (AP).
Segundo a deputada, o partido deverá fechar uma posição formal contrária à reforma da Previdência após ter realizado na quinta-feira uma reunião em que ficou claro o posicionamento majoritário dos parlamentares, incluindo senadores.
"Somos 35 deputados. Eu te afirmo que mais de 20 são contra", acrescentou ela. No Senado, o partido conta com sete parlamentares.
O PSB divulgou nota na qual informa que a partir desta terça-feira os filiados serão convidados "a opinar sobre o assunto em uma consulta por email" e na quinta-feira o partido vai abrir para a participação livre dos internautas por meio das redes sociais da legenda.
"O resultado desse levantamento, somado às opiniões de parlamentares e dirigentes, servirá de subsídio para a decisão final do partido que será tomada pela Executiva Nacional", diz a nota do PSB.
Também vice-líder do PSB na Câmara, o deputado Heitor Schuch (RS) afirmou que a regra de transição proposta pelo governo é injusta.
Defendeu ainda que a inclusão de trabalhadores rurais no limite mínimo de 65 anos para aposentadoria é uma penalização excessiva.
Schuch criticou o endurecimento proposto pelo governo para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado para idosos e pessoas com deficiência, e a ausência de iniciativas para elevar as receitas previdenciárias, acabando, por exemplo, com isenções.
"O projeto que está aí precisamos enterrar a sete palmos do chão", disse.
A resistência dos parlamentares do PSB ilustra o duro caminho que deverá ser enfrentado pelo governo para aprovar a reforma que considera crucial para o reequilíbrio das contas públicas.
Na semana passada, Meirelles já havia intensificado o corpo a corpo junto a deputados para tentar garantir a aprovação da reforma da Previdência sem grandes desfigurações.
O ministro sinalizou repetidas vezes que a diluição do texto para amainar resistências não resolveria o problema fiscal do país. Nos bastidores, contudo, o governo tem admitido que é possível negociar pontos da reforma e que há "gordura para queimar".
Da forma como foi enviado ao Congresso, o texto prevê que somente homens com mais de 50 anos de idade e mulheres com mais de 45 poderão entrar num regime de transição, pelo qual terão que pagar um pedágio de 50 por cento sobre o tempo faltante para a aposentadoria. Todos os demais estarão sujeitos às novas regras, podendo se aposentar a partir de 65 anos, com contribuição mínima de 25 anos.