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Medalha da Inconfidência será concedida hoje a Marielle Franco

Os agraciados são pessoas e instituições que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil

Marielle: A vereadora e o motorista deverão ser representados por parentes, que receberão a Grande Medalha (Renan Olaz/CMRJ/Divulgação)

Marielle: A vereadora e o motorista deverão ser representados por parentes, que receberão a Grande Medalha (Renan Olaz/CMRJ/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 21 de abril de 2018 às 11h55.

A Medalha da Inconfidência, maior honraria do governo de Minas Gerais, será concedida hoje (20) à vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), e ao motorista Anderson Gomes, assassinados há pouco mais de um mês. Trata-se de uma homenagem in memorian, isto é, prestada a uma pessoa já morreu. A vereadora e o motorista deverão ser representados por parentes, que receberão a Grande Medalha, uma das quatro designações.

A entrega da Medalha da Inconfidência ocorre todos os anos em cerimônia na cidade de Ouro Preto no dia 21 de abril, data em que se lembra a morte de Tiradentes. A honraria foi instituída pelo então governador mineiro Juscelino Kubitschek, em 1952. Os agraciados são pessoas e instituições que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil e são escolhidos por um conselho composto por representantes dos poderes Executivo e Legislativo do estado e de Ouro Preto.

Nesta edição, 170 pessoas e entidades receberão três designações: Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência. Além de Marielle, serão homenageados professores, militares, policiais, juristas, bombeiros, empresários, políticos, artistas, artesãos, ativistas de movimentos sociais e líderes religiosos, entre outros.

No dia da cerimônia, um decreto do governador transfere simbolicamente por um dia a capital mineira para Ouro Preto, lembrando que o município exerceu esse papel de 1823 a 1897. A cidade foi também o berço da Inconfidência Mineira, movimento que confrontou o domínio da Coroa portuguesa sobre o Brasil. A revolta terminou em 1972 e Tiradentes, um dos inconfidentes, foi enforcado no Rio de Janeiro no 21 de abril. O episódio completa hoje 226 anos.

Defensor dos direitos humanos como Marielle, o argentino Adolfo Pérez Esquivel também consta na lista dos agraciados. Ele foi o vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980. Entre os homenageados, há também outros políticos como o senador Lindbergh Farias (PT), o deputado federal Delegado Edson Moreira (PR) e o deputado estadual Glaycon Franco (PV), além de prefeitos de municípios do interior de Minas Gerais. A lista inclui ainda a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, a cantora Aline Calixto, a cartunista Laerte Coutinho e os presidentes dos clubes Atlético-MG e Cruzeiro, Sérgio Sette Câmara e Wagner Sá Pires.

Atendendo pedidos da comerciantes e moradores de Ouro Preto, a solenidade deste ano será dividia em dois momentos: a cerimônia oficial de tiros, o hasteamento da bandeira e a colocação de flores no monumento ao mártir da Inconfidência Mineira serão realizados na Praça Tiradentes. Já a entrega das medalhas foi deslocada do centro de município para o Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

Em memória

A homenagem in memorian tem sido comum. Além de Marielle e Anderson, receberão a Grande Medalha nesta condição o ex-jogador de vôlei e dirigente esportivo Bebeto de Freitas, que morreu há pouco mais de um mês, e o ex-deputado federal Ricardo Zarattini (PT), morto em outubro do ano passado.

No ano passado, o principal homenageado também foi agraciado in memorian: o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, ícone mundial da luta contra o racismo que morreu em 2013. Em seu nome, o embaixador sul-africano Ntshikiwane Joseph Mashimbye recebeu o Grande Colar, a máxima designação. Um ano antes, ele foi entregue ao ex-presidente uruguaio José Mujica. Nesta edição, ninguém será agraciado com o Grande Colar.

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