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Marun diz que entrará com um pedido de impeachment contra Barroso

Ministro acusa, em entrevista, Luís Roberto Barroso, do STF, de tomar decisões judiciais "contaminado" por suas preferências políticas

Carlos Marun: ministro disse que se licenciará do ministério para entrar com um pedido de impeachment contra Barroso (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 3 de abril de 2018 às 10h08.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, acusou em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), de tomar decisões judiciais "contaminado" por suas preferências políticas.

Marun voltou a dizer que se licenciará do ministério para entrar com um pedido de impeachment contra Barroso por conta da decisão do magistrado de autorizar a quebra de sigilo bancário do presidente Michel Temer.

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"O ministro Barroso tem sido, no meu modo de ver, contaminado por suas preferências políticas no momento de tomar suas decisões. E isso é incompatível com o exercício da função de ministro do STF", disse Marun à emissora, acrescentando que Temer sente-se "ultrajado" pelo que ele e seus auxiliares consideram um "atentado" ao Estado Democrático de Direito.

Temer publicou nesta terça um artigo no jornal O Estado de S. Paulo em que afirma que resistirá em nome de sua honra e em nome do Estado Democrático de Direito.

Marun afirmou que não entrará com o pedido de impeachment de Barroso nesta semana para não "misturar" este caso com a análise pelo plenário do STF do pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Não entrei nesta semana para não confundir com esse movimento que tem amanhã, na quarta-feira, para não misturar uma coisa com a outra. Vou esperar a semana que vem, a próxima sessão do Congresso, vou entrar com esse pedido", disse.

Indagado sobre críticas que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria feito à reação do Palácio do Planalto contra a decisão de Barroso de determinar a prisão de pessoas próximas a Temer na semana passada, Marun disse entender que a Câmara já deveria ter tomado medidas mais duras contra o que chamou de "aviltamento de suas prerrogativas".

"Eu me dou bem com o Rodrigo, mas somos pessoas diferentes, temos estilos diferentes. Eu, sinceramente, penso que a Câmara dos Deputados já devia ter tomado posições políticas mais fortes em relação ao constante aviltamento das suas prerrogativas", disse o ministro.

Marun afirmou ainda que o Palácio do Planalto está "conscientes da necessidade" de uma candidatura governista na eleição presidencial de outubro e disse que Temer está à disposição para ser este candidato.

"Obviamente, por que que isso acontece? Porque não se viram ainda candidaturas dispostas a defender o governo, não só em termo de legado - porque nós temos um legado -, como em termos de futuro", disse Marun, que apontou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também pode ser este nome governista na eleição.

Meirelles se filia nesta terça ao MDB, partido de Temer e de Marun, com vistas a entrar na disputa eleitoral, seja como candidato ao Planalto, seja como vice em uma chapa encabeçada por Temer.

"Em outra candidatura se estabelecendo - e pode ser a do Meirelles - com esse viés, com essa determinação e conquistado pontos de preferência popular, pode até o presidente abrir mão", disse Marun.

"Intimamente o presidente não tem o desejo de continuar presidente da República. Eu convivo com ele e tenho certeza disso. Mas nós não vamos simplesmente assistir às próximas eleições. Nós vamos participar dela", garantiu.

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