Marta Suplicy em 13 fatos: de braço-direito à ameaça ao PT
Neste sábado, Marta Suplicy se filia oficialmente ao PMDB. Há exatos 34 anos, ela entrava no PT - partido que ajudou levar ao poder
Talita Abrantes
Publicado em 26 de setembro de 2015 às 08h20.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h31.
São Paulo - Neste sábado, Marta Suplicy se filia oficialmente ao PMDB. A cerimônia acontece 4 meses depois que ela deixou o PT e exatos 34 anos após entrar no partido de Luiz Inácio Lula da Silva. Usando o típico vermelho e a estrela da legenda, ela se elegeu deputada federal, prefeita de São Paulo e senadora, além de empossada ministra do Turismo e da Cultura nos governos Lula e Dilma, respectivamente. No entanto, nos últimos anos, Marta foi perdendo - aos poucos - o protagonismo dentro da estrutura do partido. A gota d´água veio nas eleições do ano passado, quando encabeçou um movimento pela candidatura do ex-presidente Lula do Planalto. O movimento não vingou e a senadora fez questão de não se empenhar pela reeleição de Dilma Rousseff . Com a vitória da petista, o pequeno espaço que restava a Marta na legenda sucumbiu - e ela reagiu rápido. Antes de ser cortada na reforma ministerial, pediu demissão do cargo de ministra da Cultura. Na carta, criticou a direção da presidente na economia e afirmou que ela deveria escolher uma equipe capaz de resgatar a credibilidade do governo. Hoje, ela dá o primeiro passo para ameaçar a reeleição de Fernando Haddad (PT) na prefeitura de São Paulo. Nas eleições do ano que vem, ela deve voltar candidata pela quarta vez ao cargo. Veja, nas imagens, a relação conturbada da senadora com o partido que ajudou a fundar e levar ao poder.
Formada em Psicologia pela PUC-SP com mestrado em Psicologia Clínica pela Michigan State University e pós-graduação na Stanford University, Marta ganhou notoriedade nacional após apresentar o TV Mulher, na Rede Globo e TV Manchete. No programa, a hoje senadora abordava temas relacionados à sexualidade feminina até então considerados tabus pela sociedade brasileira.
Filiada ao PT desde 22 de setembro de 1981, Marta foi eleita deputada federal pelo partido em 1995. É dela o projeto de lei que determina a parceria civil para pessoas do mesmo sexo. Em 2000, foi eleita prefeita de São Paulo com 3,2 milhões de votos contra Paulo Maluf (PP).
Quatro meses após a posse na prefeitura, em abril de 2001, Marta e Eduardo Suplicy colocaram fim ao casamento de 36 anos. O divórcio do casal político mais conhecido na época foi explorado à exaustão pela imprensa e rodas de conversa. Com Suplicy, Marta teve três filhos: Eduardo (Supla), André e João.
Em agosto de 2001, Marta assumiu o namoro com Luis Favre, assessor internacional do PT, apontando como pivô do fim do relacionamento com Eduardo Suplicy. Em setembro de 2003, eles se casaram. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mulher, Marisa Letícia, apadrinharam o enlace. Marta e Luis Favre se separaram em 2009. Quatro anos depois, a então ministra da Cultura se casou com o atual cônjuge Márcio Toledo, ex-presidente do Jockey.
Marta Suplicy, prefeita de São Paulo, com Eduardo Suplicy e José Genoíno, candidato do PT ao governo de São Paulo, durante comício de Lula, candidato à Presidência da República, em 2002. A senadora encabeçou o movimento para que Lula fosse candidato em 2014 - a iniciativa foi a gota d´água para o esfacelamento da relação com Dilma Rousseff.
Com uma diferença de 456,6 mil votos, Marta perdeu a prefeitura para para José Serra (PSDB) em 2006. Desde então, Marta foi sistematicamente preterida pelo PT para outros cargos no Executivo. A exceção foi em 2008, quando ela perdeu a disputa pela prefeitura paulistana para o hoje ministro Gilberto Kassab, então do PSD. A última vitória de Marta nas urnas aconteceu na disputa por uma cadeira no Senado em 2010.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em janeiro, Marta admitiu que a presidência da República era um de seus objetivos e que quando Lula expôs que uma mulher iria sucedê-lo no cargo, ela imaginou que estaria entre as cotadas. “Logo vi aquela história de 'mãe do PAC' e que era Dilma. Ou ficava contra e não fazia coisa nenhuma, ou ajudava. Mais uma vez, decidi ajudar”, afirmou.
Nas eleições de 2014, um cenário diferente. Segundo relatou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Marta foi procurada por Alexandre Padilha para ajudá-lo na campanha para o governo do estado de São Paulo. A resposta dela foi: “Ô Padilha, entenda. Eu não sou mais objeto utilitário, acabou essa minha função no PT’. Na mesma entrevista, Marta foi clara (e afiada) nas críticas ao atual ministro da Casa Civil. Segundo ela, se for lançado candidato em 2018, o atual chefe da Casa civil teria contra si a “arrogância, seu autoritarismo, sua capacidade de promover trapalhadas”.
Dois anos depois da eleição de Dilma, Marta, então senadora tentou disputar a prefeitura de São Paulo. O partido, no entanto, preferiu Fernando Haddad. A posse no Ministério da Cultura no mesmo ano veio com uma espécie de prêmio de consolação.
Marta Suplicy não foi a única petista a se empenhar pela candidatura de Lula nas eleições presidenciais de 2014. O problema é que, naquele momento, ela fazia parte da equipe ministerial de Dilma e o apoio ao retorno do Lula em detrimento da candidatura da presidente não caiu bem. O movimento encabeçado pela senadora acabou não surtindo efeito e Dilma entrou na disputa pela reeleição. Marta, por sua vez, não se empenhou pela vitória da presidente – ao contrário da maior parte dos ministros. Com a apertada vitória de Dilma nas urnas, sua presença no governo se tornou insustentável. Em abril deste ano - após uma série de alfinetadas -, a senadora deixou oficialmente o PT.
Em agosto deste ano, Marta Suplicy chegou a agendar a cerimônia de filiação ao Partido Socialista Brasileira (PSB), mas cancelou o evento. No início de setembro, fechou o acordo para entrar no PMDB - principal partido da base aliada de Dilma Rousseff que está em pé de guerra com a presidente. "Nesta hora delicada, o PMDB está à altura de defender os princípios que arduamente ajudou a conquistar e também de pensar o amanhã de 2018", afirmou em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira. E aproveitou para dar mais uma alfinetada no partido que ajudou a fundar e conduzir ao poder: "O Brasil é muito maior do que tudo que fizeram com ele. Acharemos uma saída".
Em 2016, Marta Suplicy deve entrar na corrida pela Prefeitura de São Paulo, desta vez, contra o atual prefeito Fernando Haddad - para quem ela fez campanha em 2012. Com a agora peemedebista provavelmente no páreo, a reeleição do petista deve ficar mais difícil.
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