Ministro Marco Aurélio Mello. (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Divulgação)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 18 de junho de 2021 às 14h29.
Última atualização em 18 de junho de 2021 às 14h40.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, vai se aposentar na data-limite, dia 12 de julho, um dia antes de completar 75 anos, quando é aposentado compulsoriamente. Em entrevista ao portal Poder 360, ele informou a alteração e disse que "só os mortos não evoluem”. Antes da mudança, a ideia era parar com os trabalhos na Corte no dia 5 de julho.
Ainda de acordo com a reportagem, o ministro prepara um ofício que será entregue ao presidente do STF, Luiz Fux, informando a alteração da data de sua aposentadoria. O decano está no mais alto tribunal do país desde 1990 e foi nomeado pelo ex-presidente, e primo do ministro, Fernando Collor de Mello.
A vaga deixada por Marco Aurélio será a segunda que o presidente Jair Bolsonaro precisará indicar um substituto. Em novembro do ano passado, o ministro Kassio Nunes Marques tomou posse da cadeira que era de Celso de Mello.
Nos bastidores, há três possíveis nomes com chances de serem os escolhidos de Bolsonaro. Um dos mais cotados é do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, ou do procurador-geral da República, Augusto Aras. André Mendonça, advogado-geral da União, tenta costurar um apoio no Senado, que precisa aprovar a indicação.
O perfil incendiário do decano, que se aposenta em julho, destoa do estilo de Celso de Mello, seu antecessor como ministro mais antigo da Corte. Celso era conhecido pelo espírito apaziguador e chamado a atuar como bombeiro em crises de grandes proporções. Marco Aurélio tem uma personalidade mais direta, dura, marcada por frases de efeito - e por, muitas vezes, trazer à tona a sujeira que havia sido varrida para baixo do tapete. Frequentemente é voto vencido no plenário.
Esse jeito de ser lhe rendeu o apelido de "ferrinho de dentista" que ganhou do ex-ministro Nelson Jobim, em alusão aos aparelhos cirúrgicos desses profissionais. "Em todo o plenário é fundamental alguém atento e com capacidade de ver e ressaltar os detalhes. Daí o chamei de 'ferrinho de dentista' porque ele ia ao ponto mínimo e não deixava passar nada", explicou Jobim.
Com Estadão Conteúdo