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Major Olímpio: PSL pode alcançar 70 deputados federais em 2019

Presidente da legenda de Jair Bolsonaro em São Paulo nega apoiar o governo de João Doria e diz que partido deveria ficar isento

Major Olímpio não descarta se candidatar a governador de São Paulo em 2022 (Facebook/Reprodução)
AJ

André Jankavski

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 17h50.

São Paulo – O deputado federal Major Olímpio foi um dos beneficiados pela onda da direita nas eleições deste ano. A partir de janeiro de 2019, ele ocupará uma das três cadeiras de senador por São Paulo. Na disputa, deixou para trás nomes conhecidos, como Eduardo Suplicy (PT) e Mário Covas Neto (PODE). Ele também ocupa a presidência do PSL em São Paulo e reafirma a sua intenção de não ser aliado do governador eleito João Doria (PSDB).

No plano federal, Olímpio imagina que o PSL pode se tornar a maior bancada do Congresso. Com 52 deputados federais eleitos, o senador acredita que o partido poderá alcançar até 70 parlamentares na Câmara na próxima janela de mudança partidária. Ele também defende uma nova proposta de reforma da Previdência e afirmou não aceitar a feita pelo governo Michel Temer. “Do jeito que está a atual PEC, não passa. Eu voto contra”, disse. Confira a sua entrevista.

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EXAME – O que mudou no partido desde a confirmação da eleição de Jair Bolsonaro à presidência?

Major Olímpio – Mudou bastante de ontem para hoje. O que era discussão virou realidade. Os próximos passos serão dados pela equipe de transição e Jair Bolsonaro já definiu que Paulo Guedes, Gustavo Bebianno e o Onyx Lorenzoni liderarão esse time. O espaço do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília já está acertado para ser o local que a equipe utilizará.

EXAME – Como estão as conversas com o presidente Michel Temer para a transição?

Major Olímpio – O presidente Michel Temer se comprometeu a disponibilizar todos os documentos e e-mails para a próxima gestão se organizar, diferentemente do que aconteceu quando ele assumiu. O presidente está deixando claro que vai fazer de tudo para que a transição seja a mais tranquila possível e para que possamos assumir no dia 1º de janeiro prontos para trabalhar. E, até lá, todos os cargos estarão preenchidos.

EXAME – O Gustavo Bebianno saiu da presidência do PSL e era cotado para ser ministro da Justiça, o que ainda não foi confirmado. Qual vai ser a função de Bebianno no governo Bolsonaro?

Major Olímpio – Não sei qual cargo ele vai ocupar, mas com certeza Jair Bolsonaro irá escalá-lo. Bebianno se transformou em uma das pessoas mais próximas do futuro presidente.

EXAME – E estava acordada essa volta de Luciano Bivar para a presidência?

Major Olímpio – Foi algo totalmente acordado.

EXAME – Alguns parlamentares do PSL, como Joice Hasselman e o próprio Bivar, afirmaram que querem disputar a presidência da Câmara. No entanto, uma ala do partido defende a reeleição de Rodrigo Maia (DEM). Isso não cria ruídos?

Major Olímpio – Todas as manifestações dadas não comprometem a sinergia do futuro governo. É mais do que natural que parlamentares eleitos façam movimentos para ocupar mesas e liderança do governo. Mas faremos uma reunião para definir as prioridades e como serão formadas as lideranças em cada casa. Não há nada definido.

EXAME – E como vai ser a sua atuação e a do PSL no Senado?

Major Olímpio – Eu sou um dos quatro senadores eleitos pelo partido. Ainda não tivemos nenhuma reunião e o Bolsonaro já tinha dito para os eleitos não fazerem nenhum movimento que comprometesse a eleição. E respeitamos isso. A partir de agora, saberemos dele e de seus interlocutores o papel que ele espera de nós.

EXAME – Cerca de 14 partidos devem cair na cláusula de barreira. O PSL acredita que pode aumentar a bancada com isso?

Major Olímpio – Estamos vivendo um sonho. A visão otimista do partido era eleger de 30 a 40 parlamentares. Graças a Deus e ao Jair Bolsonaro, houve esse tsunami político e fizemos 52 assentos. Temos todo o respeito às pequenas bancadas, pois éramos uma também, e isso não mudará. Mas, se tiverem congressistas com um perfil parecido com o nosso e cujas siglas não atingiram a cláusula de barreira, estaremos de braços abertos. Alguns chutam que teremos 70 deputados federais e eu acho que é um número razoável de ser alcançado.

EXAME – Diversos especialistas colocam a reforma da previdência como primeira missão de Jair Bolsonaro. Qual é a sua posição?

Major Olímpio – A PEC da Previdência foi ancorada em bases falsas. Conheço os dados e eu desmoralizei todos mostrando que os dados não tinham consistência. Fazia uma previsão de que em 2060 seriam gastos dois PIBs no mesmo ano. O governo tem que fazer uma auditoria séria de quanto é e se existe o déficit. É preciso fazer uma reforma, mas não pode penalizar aqueles que já pagam e deixar ao bel prazer aqueles que sonegam. Vamos em cima de todos.

EXAME – O senhor acredita que é possível fazer uma reforma geral da previdência?

Major Olímpio – Temos que verificar novos parâmetros. Por exemplo, não dá para conceber um policial de 65 anos. A própria ONU diz que é uma das profissões mais perigosas e desgastantes. Defendo as categorias especiais. Tem também os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), como idosos e deficientes, que precisam do dinheiro. Pode-se fazer uma reforma equilibrada.

EXAME – E qual é a sua opinião quanto aos privilégios dos funcionários públicos e militares?

Major Olímpio – Antigamente havia benefícios, como pensões para filhas solteiras, que foram cortados ao longo do tempo. Estamos agora na discussão do tempo de serviço e precisamos discutir isso. Quanto aos militares estaduais, precisamos ver a questão de horas trabalhadas. Às vezes, um policial pode ter passado para a reserva com uma idade menor, mas trabalhou mais horas do que um aposentado da iniciativa privada. Eu defendo a equalização. Antes da reforma, precisamos discutir esses assuntos.

EXAME – Algumas pessoas ligadas ao Bolsonaro defendiam votar a reforma que está na Câmara. Qual é a sua opinião?

Major Olímpio – Do jeito que está a atual PEC, não passa. Eu voto contra.

EXAME – E como vai ser a atuação do PSL em São Paulo?

Major Olímpio – O PSL ficou neutro na eleição de São Paulo e, por mim, ficará dessa forma. Liberei os parlamentares para apoiarem quem quiserem, mas eu sou contrário ao PSDB e ao João Doria, haja vista o massacre dos servidores públicos. Mas, como a população o escolheu governador e a mim como senador, nós dois temos obrigações institucionais. Haverá uma convivência harmônica entre nós.

EXAME – E qual é o posicionamento dos deputados estaduais eleitos pelo PSL?

Major Olímpio – Como presidente do partido em São Paulo, ao contrário do que muitas vezes acontece, não vou impor nada aos deputados. Vamos definir com a bancada de 15 deputados estaduais. Já tivemos manifestações da Janaína Paschoal, que será a nossa candidata à presidência da Alesp, sobre se manter isenta. Mas, se nos colocarmos como isentos, não vamos fazer oposição pela oposição. Cada projeto será analisado.

EXAME – O sr. concorreu à prefeitura em 2016. Pensa em disputar outros cargos do executivo?

Major Olímpio – Não vou disputar a prefeitura de São Paulo em 2020. Está fora de cogitação. Eu tenho um papel no Senado e vou desenvolvê-lo. Mas irei analisar o quadro de 2022 ou 2026. Nunca escondi de ninguém o meu desejo de ser governador. Mas isso ainda está distante. Agora, vou me concentrar em ter um partido forte e consolidado.

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